O
presidente da Gep Indústria e Comércio, dona das marcas de moda feminina Cori,
Emme e Luigi Bertolli, Nelson Volpato, negou o uso de trabalho escravo na
cadeia produtiva da empresa. Em audiência na Assembleia Legislativa de São
Paulo nessa quarta, 17, o executivo disse que desconhecia que sua fornecedora,
a empresa Silobay, contratava uma oficina de costura onde 27 bolivianas viviam
em regime semelhante ao de escravidão. Na sessão, um vídeo do Ministério do
Trabalho mostrou o flagrante, feito no mês passado, durante operação conjunta
com o Ministério Público e a Receita Federal, das péssimas condições do lugar
onde as costureiras trabalhavam e moravam.
No local, havia extintores vencidos, ligações elétricas
improvisadas, alimentos humanos misturados a alimentos caninos entre outras
condições degradantes, como servidão por dívida. Foram encontrados documentos
ligando a Gep à oficina de costura, que seria 'quarteirizada', porque entre as
duas empresas havia ainda a fornecedora Silobay.
O deputado estadual Carlos Bezerra (PSDB) disse que os delitos e
as desculpas das empresas do ramo têxtil são muito parecidos entre si, e
lembrou que a empresa Zara, acusada do mesmo delito, também usou como desculpa
o desconhecimento de que havia trabalho escravo no seu processo produtivo.
Bezerra disse ainda que só em São Paulo há 400 mil imigrantes da região andina
dos quais dois terços se encontram em situação de clandestinidade. O sweat shop
(como é chamado esse tipo de atividade) é uma modalidade de trabalho que
acontece em ambientes insalubres, onde as pessoas trabalham por longos períodos
e ganham muito mal. "É a chaga do nosso tempo", afirmou.
Em nota divulgada em seu site, a Gep repudia a tentativa de
responsabilização da empresa pelo ocorrido e informa que prestou auxílio
imediato às trabalhadoras. Na Assembleia, o presidente da empresa reforçou que
vai cumprir não só o que determina o termo de ajustamento de conduta, como vai
também contratar uma auditoria internacional para acompanhar e fiscalizar
representantes e fornecedores da companhia.
Estadao
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