Um
drama do primeiro mundo chegou ao Brasil. O
aumento da imigração de latino-americanos, como bolivianos, paraguaios,
peruanos e haitianos, empurrou essas pessoas para favelas, cortiços e terrenos
invadidos na cidade de São Paulo. Sem dinheiro para pagar aluguel, eles se
tornam cada vez mais conhecidos dos movimentos sem-teto, que os ajudam a se
legalizar e entrar nos programas de habitação.
A presença de estrangeiros nas ocupações do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto também é comum. "Se para os brasileiros a situação
já é complicada, para um boliviano que é explorado em uma tecelagem é pior
ainda", afirma Guilherme Boulos, um dos coordenadores do movimento. Com
ajuda do movimento, diz Boulos, um imigrante boliviano já conseguiu um
apartamento pelo programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Ele afirma
que, em outros Estados do País, a situação é ainda mais dramática. "Na
cidade de Manaus, há uma ocupação do movimento formada praticamente por
haitianos", afirma.
Para Boulos, a supervalorização dos imóveis no centro, onde os
imigrantes se fixaram na década passada, favorece a expulsão desse grupo para
áreas cada vez mais distantes.
Periferia
A boliviana Amanda Ticona, de 42 anos, chegou a São Paulo há
dez. "Morava na Casa Verde, zona norte. Agora, só tenho condições de viver
no Pinheirinho 2", diz a mãe de quatro filhos, que sobrevive vendendo
comida para trabalhadores de oficinas de costura. Seu vizinho, Natan Ventura,
de 26 anos, tem de cruzar todos os dias a cidade para chegar ao trabalho.
"Levo duas horas para ir e duas para voltar da oficina onde trabalho, no
Bom Retiro."
O vice-presidente da Associação de Residentes Bolivianos, Abel
Claro, explica que os bolivianos que chegam ao Brasil moram apenas
temporariamente nas oficinas de costura. "Após um tempo, eles têm
obrigação de alugar uma casa", diz. "Mas se ganham R$ 1 mil, vamos
supor, não conseguirão alugar uma casa", acrescenta. De acordo com
estimativa da associação, há cerca de 300 mil bolivianos na cidade de São
Paulo. A minoria é regularizada: dados do Ministério da Justiça revelam que, em
todo o País, há cerca de 90 mil bolivianos com documentos.
O
Estado de S. Paulo.
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