Um relatório elaborado pela Frontex, agência que coordena o
patrulhamento e a coleta de informações de inteligência sobre as fronteiras do
bloco europeu, alerta para um possível recorde de imigrações ilegais, em 2014,
rumo aos países integrantes da União Europeia (UE). Mais de 26 mil imigrantes
clandestinos chegaram à Itália, vindos em embarcações a partir da Líbia, nos
quatro primeiros meses deste ano.
- O número é oito
vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2013 - constatou, na
quarta-feira (14), o diretor- executivo da Frontex, Gil Arias Fernández. - Há
uma enorme quantidade de imigrantes da Síria e da Eritreia, largados a esmo na
Líbia, esperando para ser contrabandeada ilegalmente para a Itália.
De acordo com
Fernández, o fluxo de imigrantes, a grande maioria africana, deve crescer
durante o verão europeu, quando as condições marítimas facilitam as travessias
ao longo do Mar Mediterrâneo. Caso esta tendência se confirme, o número de
imigrações clandestinas neste ano deve superar o recorde de 2012, quando mais
de 140 mil pessoas alcançaram a Europa, durante as revoltas da Primavera Árabe.
O relatório da
Frontex foi divulgado dois dias depois do naufrágio de uma embarcação, entre a
Líbia e a ilha siciliana de Lampedusa, quando pelos menos 17 imigrantes
morreram, e mais de 200 foram considerados desaparecidos. No domingo (11), a
marinha líbia informou que uma balsa afundou, a quatro quilômetros da costa,
deixando 40 mortos.
Quase 50% mais
imigrações ilegais em 2013
Em outubro de 2013,
um barco abarrotado de imigrantes africanos afundou próximo a costa de
Lampedusa, deixando cerca de 400 mortos. Após o acidente, líderes da União
Europeia fizeram promessas de realizar esforços conjuntos para evitar a perda
de vidas em naufrágios.
No ano passado,
segundo a pesquisa da Frontex, 107.365 imigrantes cruzaram ilegalmente as
fronteiras europeias, sem documentos ou vistos, um crescimento de 48% na
comparação com 2012. Mais uma vez, a grande maioria deles vinda da Síria e da
Eriteia. A Itália foi o país que mais sofreu com o problema: mais de 40 mil
pessoas entraram clandestinamente no país.
Por outro lado,
diminuiu a quantidade de imigrantes que tentaram entrar na Europa a partir do
Mediterrâneo Oriental, em 2013. O motivo, segundo a Frontex, foi a barreira
criada pelas autoridades gregas na fronteira norte do país. Entretanto, isso
ocasionou o aumento de travessias ilegais pelo Mar Egeu, entre a Grécia e a
Turquia, que, por serem muito mais perigosas, causaram centenas de mortes.
O crescimento da
imigrações ilegais causou reações radicais na Itália e na Líbia, dois dos
países mais afetados. O ministro do Interior líbio, Salah Mazek, afirmou em
coletiva de imprensa em Trípoli, no sábado (10), que o governo pode
"facilitar a vida dos imigrantes" que deixam o país rumo à Europa,
caso não haja uma maior ajuda da UE. Na Itália, o também ministro do Interior,
Angelino Alfano, exigiu mais ajuda, ao escrever no Twitter: "A União
Europeia tem duas opções: ou vem ao Mediterrâneo para colocar a bandeira da UE
no 'Mare Nostrum', ou vamos deixar imigrantes com direito à asilo passar para
outros países." O 'Mare Nostrum' é uma força-tarefa naval italiana criada
para tentar conter as viagens clandestinas.
O crescimento da
imigração ilegal vai influenciar o resultado das eleições parlamentares da UE,
que serão realizadas agora, no final de maio, já que o problema é uma das
principais preocupações dos eleitores europeus.
Agencia o Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário