sexta-feira, 16 de maio de 2014

Número de imigrantes ilegais que chegam à Itália cresce oito vezes em um ano

Um relatório elaborado pela Frontex, agência que coordena o patrulhamento e a coleta de informações de inteligência sobre as fronteiras do bloco europeu, alerta para um possível recorde de imigrações ilegais, em 2014, rumo aos países integrantes da União Europeia (UE). Mais de 26 mil imigrantes clandestinos chegaram à Itália, vindos em embarcações a partir da Líbia, nos quatro primeiros meses deste ano.
- O número é oito vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2013 - constatou, na quarta-feira (14), o diretor- executivo da Frontex, Gil Arias Fernández. - Há uma enorme quantidade de imigrantes da Síria e da Eritreia, largados a esmo na Líbia, esperando para ser contrabandeada ilegalmente para a Itália.
De acordo com Fernández, o fluxo de imigrantes, a grande maioria africana, deve crescer durante o verão europeu, quando as condições marítimas facilitam as travessias ao longo do Mar Mediterrâneo. Caso esta tendência se confirme, o número de imigrações clandestinas neste ano deve superar o recorde de 2012, quando mais de 140 mil pessoas alcançaram a Europa, durante as revoltas da Primavera Árabe.
O relatório da Frontex foi divulgado dois dias depois do naufrágio de uma embarcação, entre a Líbia e a ilha siciliana de Lampedusa, quando pelos menos 17 imigrantes morreram, e mais de 200 foram considerados desaparecidos. No domingo (11), a marinha líbia informou que uma balsa afundou, a quatro quilômetros da costa, deixando 40 mortos.
Quase 50% mais imigrações ilegais em 2013
Em outubro de 2013, um barco abarrotado de imigrantes africanos afundou próximo a costa de Lampedusa, deixando cerca de 400 mortos. Após o acidente, líderes da União Europeia fizeram promessas de realizar esforços conjuntos para evitar a perda de vidas em naufrágios.
No ano passado, segundo a pesquisa da Frontex, 107.365 imigrantes cruzaram ilegalmente as fronteiras europeias, sem documentos ou vistos, um crescimento de 48% na comparação com 2012. Mais uma vez, a grande maioria deles vinda da Síria e da Eriteia. A Itália foi o país que mais sofreu com o problema: mais de 40 mil pessoas entraram clandestinamente no país.
Por outro lado, diminuiu a quantidade de imigrantes que tentaram entrar na Europa a partir do Mediterrâneo Oriental, em 2013. O motivo, segundo a Frontex, foi a barreira criada pelas autoridades gregas na fronteira norte do país. Entretanto, isso ocasionou o aumento de travessias ilegais pelo Mar Egeu, entre a Grécia e a Turquia, que, por serem muito mais perigosas, causaram centenas de mortes.
O crescimento da imigrações ilegais causou reações radicais na Itália e na Líbia, dois dos países mais afetados. O ministro do Interior líbio, Salah Mazek, afirmou em coletiva de imprensa em Trípoli, no sábado (10), que o governo pode "facilitar a vida dos imigrantes" que deixam o país rumo à Europa, caso não haja uma maior ajuda da UE. Na Itália, o também ministro do Interior, Angelino Alfano, exigiu mais ajuda, ao escrever no Twitter: "A União Europeia tem duas opções: ou vem ao Mediterrâneo para colocar a bandeira da UE no 'Mare Nostrum', ou vamos deixar imigrantes com direito à asilo passar para outros países." O 'Mare Nostrum' é uma força-tarefa naval italiana criada para tentar conter as viagens clandestinas.
O crescimento da imigração ilegal vai influenciar o resultado das eleições parlamentares da UE, que serão realizadas agora, no final de maio, já que o problema é uma das principais preocupações dos eleitores europeus.


Agencia o Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário