O sociólogo João Peixoto apelou para que não se cometa "o mesmo
erro do passado", centrando a atenção apenas no movimento do fluxo
migratório mais premente, no caso atual a emigração.
“É uma realidade
que há mais gente a sair do que (…) a entrar, mais ainda se a comparação se
fizer entre os qualificados", realçou em declarações à Lusa à margem das
VII Jornadas do Observatório da Imigração, que decorrem na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa.
A sociedade
portuguesa vive “um certo alarme” face à saída de pessoas e, neste contexto, é
"normal que as preocupações e as políticas sejam dirigidas a evitar que os
cidadãos nacionais qualificados saiam do país", reconheceu o professor no
Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa.
“Não devemos é fazer o erro que fizemos no passado em que, na altura era
o contrário, só pensávamos em quem entrava e não pensávamos em quem saía. E, na
altura, já se saía, porqueas coisas nunca estiveram tão sólidas
assim”, recordou.
A emigração e a imigração estão ligadas, assinalou, referindo que “uma
das realidades destes movimentos, hoje, é que são muito mais circulares,
temporários, precários do que eram antes. É errado pensarmos que quem sai,
sai para sempre e quem entra, fica para sempre”.
“O ideal é aliar políticas de retenção e de atração”
e, sobretudo, integrá-las nas outras políticas públicas, frisou.
João Peixoto elogiou a anunciada vontade política de “dar maior relevo à
atração de imigrantes qualificados” e sustentou que Portugal deve preocupar-se
“em atrair pessoas que tragam boas ideias e venham multiplicar as oportunidades de
empregoe de conhecimento na sociedade portuguesa”.
Porém, distinguiu, uma coisa são os vistos para os estrangeiros “altamente
qualificados” e outra os vistos para os “altamente endinheirados”, critério que João
Peixoto considerou “aceitável na sua essência, se não for pervertido”.
Assinalando que “trazer pessoas altamente qualificadas é, em si próprio,
vantajoso”, o sociólogo instou o Estado a “facilitar oreconhecimento
académico e profissional”, que tem sofrido “muitos obstáculos”. A criação de
“mecanismos que permitam entrar e sair com frequência”
do país é outra das propostas que faz.
O sociólogo defende
que “Portugal tem muita coisa para oferecer”, tanto no que se faz, “tão bom
como o que se faz lá fora e às vezes melhor”, como também na “qualidade de vida
que não existe em muitos outros países”.
Açoriano
Oriental
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