A chegada de haitianos e de outros imigrantes ao Brasil em busca de emprego e melhores
condições de vida também é observada em Sorocaba. De 2013 para este ano, a
média mensal de emissão de carteiras de trabalho para estrangeiros, pela
delegacia regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), aumentou em 125%.
Durante todo o ano passado, esses documentos foram emitidos para 402
imigrantes. Somente de janeiro a abril de 2014, no entanto, já somam 298 o
número de carteiras de trabalho retiradas por estrangeiros. Apesar de
conseguirem o encaminhamento para empresas locais, o aumento da procura tem
gerado problemas na delegacia regional do MTE.
Apenas em abril, foram emitidas 112 carteiras de trabalho para
estrangeiros. Os maiores percentuais de pessoas que retiram esses documentos
são de haitianos, e, sem seguida, de bolivianos, aponta a gerente regional do MTE,
Valquíria Camargo Cordeiro. Os haitianos, no entanto, são em número bem maior
e, muitas vezes, vem de São Paulo para retirar o
documento. "Aumentou muito a procura; mais da metade por haitianos",
diz. Ela acrescenta, porém, que a barreira do idioma - os haitianos não falam
português - e a carência de servidores da regional tem gerado alguns problemas.
"Aumentou a procura, mas não o número de
funcionários, que atendem a emissão de carteira de trabalho e pedido de seguro-desemprego",
diz. Antes desse aumento, ela comenta que o atendimento era tranquilo. Contudo,
nos últimos meses está sendo difícil atender a todos e alguns ficam sem senha.
"São distribuídas 50 senhas: 25 de manhã e 25 à tarde; tem dia que falta
senha", comenta. Valquíria acrescenta que, por causa desse maior
movimento, tornou-se necessário agendar os atendimentos.
Diante dessa deficiência, a delegada regional comenta ainda que foi
preciso inserir avisos em inglês e francês sobre os horários de atendimento e a
documentação necessária para a emissão da carteira de trabalho no prédio da
delegacia regional do ministério, dando orientações a esses imigrantes.
"Às vezes, tem alguém que fala português e ajuda, porque é difícil
entender o que falam", explica ela.
Acompanhamento
O secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho de Sorocaba,
Geraldo Almeida, tem acompanhado a chegada desses imigrantes, especialmente os
haitianos, que foram enviados a São Paulo pelo governo do Estado do Acre. De acordo com ele, a maioria
desses imigrantes está trabalhando no setor da Construção Civil. "Tem
chegado mais porque um traz o outro, é uma questão de solidariedade entre
eles", comenta o secretário.
Para Almeida, a chegada dessas pessoas ocorre porque existe uma grande
esperança em relação ao Brasil, mesmo com a crise econômica. "E o bom
cenário de Sorocaba, por causa da geração de empregos, também atrai",
avalia. O acompanhamento a esses imigrantes é feito por meio do Posto de
Atendimento ao Trabalhador (PAT), de onde são encaminhados às empresas aptas a
absorver essa mão de obra.
O coordenador do PAT, Edson Salinas, confirma e acrescenta que esse
fenômeno vem ocorrendo há alguns meses. "Estamos encaminhando eles algumas
vagas, como auxiliar de serviços gerais", comenta. Segundo Salinas, a
chegada desses imigrantes ajuda a suprir setores que não têm procura pelos
trabalhadores locais, como é o caso dos serviços gerais e dos auxiliares de
cozinha e de limpeza.
Limites de estrangeiros
A delegada regional do MTE, Valquíria Camargo Cordeiro, alerta que as
empresas não podem manter mais que um terço de estrangeiros no seu quadro de
funcionários. "Tem gente que acha que esse pessoal está passando fome e
trabalha por qualquer coisa", diz, acrescentando que isso não é ajuda e
infringe a legislação brasileira.
De acordo com ela, o MTE vai fiscalizar essa questão e a empresa
irregular deverá ser autuada, tendo de pagar multa e responder a uma ação civil pública.
Cruzeiro do Sul
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