A chegada de mais de 500 imigrantes haitianos
em apenas 20 dias no centro de São Paulo tem provocado polêmica no país. Os
imigrantes foram enviados para a capital paulista pelas autoridades do Acre,
que não podiam mais acolhê-los corretamente. O episódio mostra os limites do sistema de imigração brasileiro.
Os moradores do bairro do Glicério, no centro de São Paulo, já
estão se acostumando com os sotaques estrangeiros na região, onde centenas de
imigrantes, vindos de vários países, passam seus dias diante do Centro Pastoral
e de Mediação dos Migrantes, ao lado da igreja Nossa Senhora da Paz. Mas nos
últimos tempos o número de haitianos tem chamado a atenção da vizinhança. Desde
o dia 11 de abril, mais de 500 refugiados vindos do Haiti bateram na porta da Missão Paz, uma entidade filantrópica do
bairro, ligada à Igreja Católica, que administra a Casa do Migrante e se dedica a receber estrangeiros que chegam ao Brasil.
Mas ao contrário dos imigrantes da ilha caribenha que vinham
deseembarcando em São Paulo desde 2012, a população que tem procurado ajuda no
Centro Pastoral nas últimas três semanas não vem diretamente do Haiti, e sim da
pequena cidade de Brasiléia, no Acre. As autoridades do estado, que não
conseguiam mais acolher os refugiados, decidiram enviá-los para a capital
paulista. “O secretário de Direitos Humanos e o governador do Acre utilizaram
os aviões da Defesa Civil, que estavam levando alimentos nas zonas ilhadas por
causa das chuvas recentes, para transportar os haitianos até Rio Branco e
Tabatinga”, relata o padre Paolo Parise, um dos responsáveis pela Missão Paz.
“Em seguida pagaram uma passagem para eles virem até São Paulo e muitos,sem dinheiro , pararam aqui”, conta.
Para o padre, o episódio mostra os limites do sistema de imigração
no Brasil. “Isso explicitou a fragilidade de uma política migratória que ainda
é voltada apenas para a entrega de vistos e controle de entrada no país, mas
que não está acostumada a lidar com as problemáticas que
aparecem depois, como a necessidade de cursos de português e de moradia”,
comenta Parise.
RFI
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