No imaginário dos
haitianos o Brasil que lidera a MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a
Estabilização no Haiti) e, está fazendo uma copa do mundo é a solução para seus
problemas. A construção civil momentânea precisa de mao de obra , já que a nacional está
escassa e cara.
O empresariado que
sempre pensa na diminuição dos custos,ve com bons olhos o aumento da mão de obra. O aumento traz na lógica do
capitalismo a redução do valor pago. Em curto prazo obras serão realizadas com
maximização de lucros e redução de custos.
A sociedade, no entanto,
não é feita só de empresários, grosso modo ela é heterogênea e a médio e longo
prazo vai ter que conviver com estes novos estrangeiros em seu território,
disputando pari passu o mercado de trabalho. Na Europa os estrangeiros são
considerados culpados pelo desemprego dos nacionais, como será que nos comportaremos?
Como irão se comportar os haitianos desempregados no Brasil? As obras da copa
estão em reta final. O perigo de aliciamento ao narcotráfico, os empregos
beirando a escravidão, o fim dos empregos nas obras da copa, são reflexões
imediatas da questão haitiana.
O aumento do racismo no mundo com também no Brasil é uma preocupação nova na sociedade e os
haitianos são negros. Embora sejamos um país miscigenado o racismo existe e
pode aumentar com a presença deles. As palavras de Dynn Achesson Saintilus,
haitiano de 25 anos, formado em jornalismo e trabalhando como pedreiro em São Paulo , já evidencia o
problema. “ No ônibus, percebo que as pessoas evitam sentar do meu lado. Já me
disseram que aqui não é lugar para estrangeiros, e que a presidente devia
mandar todo mundo de volta para casa, diz ele na reportagem a folha de São
Paulo. Completa a sua frase dizendo que, “não aconselha a vinda de seus
compatriotas ao Brasil, porque muitos brasileiros são preconceituosos”.
Grosso modo, os
haitianos no Brasil têm empregos que não servem mais a brasileiros, ou
substituem uma mão de obra escassa ou cara, mas com salários baixos, com um
custo de vida alto para os padrões deles.
Alex, um haitiano de 32
anos que fala francês, criollo, espanhol, português, mora em Cuiabá, e trabalha
em um restaurante, reclama que pelo que ganha, não dá para sobreviver, nem tão
pouco mandar sobras para a mulher e os dois filhos que continuam no Haiti. Diz
ele, que o salário é baixo, tendo que dividir a quitinete que mora com mais 3 pessoas.
Outro haitiano que
trabalha como servente de pedreiro em obras de empreiteira em Cuiabá, fala de
sua angustia, decepção e tristeza, ao ver sua vida de classe média no Haiti
desmoronar após o terremoto de 2010. Faltando 4 meses para se formar em contabilidade,
teve que sair do país. O pai dele que tinha 6 propriedades, viu depois o
governo haitiano entregar à família um casa popular e nada mais. A fuga do país
é o que restou como esperança de vida.
Observa-se um instinto
de sobrevivência muito grande nos haitianos. Viver a qualquer custo é o que
importa, sendo uma enorme lição de vida para brasileiros que tem muitas
facilidades e vivem acomodados.
Até o momento já
chegaram mais de vinte e cinco mil haitianos, que saíram de Porto Príncipe,
capital do país e entram pelo Panamá, passando pelo Peru e Equador.
Esperam encontrar um
Eldorado motivado pelas obras da copa, das olimpíadas de 2016, dos frigoríficos
do sul e, da construção civil de modo geral.
Em Cuiabá estão
localizados principalmente no bairro Carumbé (morando no bairro ou
provisoriamente na pastoral da igreja católica) e já somam mais de 2.000
pessoas, quase 10% do total de haitiano no Brasil.
Já os percebemos andando
pela cidade e buscam uma vida melhor da que tinham em seu país de origem. Após o
fechamento de pontos da imigração no Acre, o deslocamento de muitos para Cuiabá
pode mudar as relações sociais em nossa cidade.
São pessoas que tem um
visto humanitário, concedido pelo governo brasileiro e como tal temos que
tratá-los de forma civilizada e dentro dos parâmetros da inclusão social. No
entanto, temo pelo futuro destes novos pobres que como os existentes aqui, não
tem uma política de cidadania decente, o que pode evoluir para acirrar mais
ainda as questões sociais e transformar os haitianos em problema,
encarcerando-os em guetos como os existentes em nosso território. Urge uma
política do ministério e secretárias das cidades, com planejamentos urbanos
para essa população carente, que tende a aumentar em Cuiabá e em outras cidades
brasileiras.
Em tempo de guerra
eleitoral entre PT e PSDB, os haitianos estão servindo como bucha de canhão.
Mais ou menos 400 deles foram praticamente deportados do Acre, governado pelo
PT, para São Paulo, governado pelo PSDB, sem o conhecimento do governo paulista. Estão todos alojados em uma igreja na capital e sem
nenhuma perspectiva de futuro. O governo paulista disse que a atitude do
governo acreano se assemelha aos coiotes mexicanos. Como brasileiro, torço por
vocês haitianos. Mas temo pela dubiedade de nossos governantes.
E ai “cuiabanos” o que
podemos fazer pelos haitianos?
PEDRO FELIX
O documento
Nenhum comentário:
Postar um comentário