sexta-feira, 1 de abril de 2011

Refugiados da Costa do Marfim já somam 116 mil, chegando aos vizinhos Togo e Gana


A crise política na Costa do Marfim, que já obrigou mais de 100 mil marfinenses a deixar o país, está se disseminando no oeste da África. Um número crescente de novas chegadas foi registrado nos países vizinhos de Gana e Togo, disse hoje em Genebra o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

Enquanto a cidade de Abidjan, no sul da Costa do Marfim, passa por um momento de relativa calma, novos enfrentamentos ocorreram ontem no oeste, centro-oeste e leste do país. No oeste, novos conflitos foram reportados na cidade de Duékoué, a qual tem experimentado várias ondas de violência desde dezembro. As hostilidades alcançaram também a cidade de Daloa, distante 100 quilômetros do leste de Duékoué, e de Bondoukou, próxima à fronteira com Gana.

“O ACNUR continua negociando com ambos os grupos para que os civis sejam protegidos dos danos”, afirmou nesta terça-feira, em Genebra, a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming.

Na vizinha Libéria, o município de Grand Gedh registrou mais de 10 mil novas chegadas de marfinenses somente na semana passada, majoritariamente nos distritos de Gbarzon e Tchein. Entre 300 e 400 pessoas continuam chegando diariamente, e os refugiados contam ao ACNUR que muitos mais estão a caminho.

“Muitas pessoas dizem ter deixado membros de sua família para trás, incluindo crianças. Para chegar à Libéria, eles cruzam o rio Cavally com poucos pertences pessoais e, geralmente, nenhum dinheiro. Alguns carregam apenas algumas trouxas em suas cabeças”, afirmou Fleming.

Lugares remotos e de difícil acesso fazem com que os funcionários do ACNUR só possam registrar refugiados e distribuir itens de ajuda humanitária em uma localidade de cada vez. A agência está trabalhando com o Programa Mundial de Alimentos para assegurar a distribuição de comida e a provisão de alimentos energéticos para os recém chegados.

Segundo o ACNUR, 24,5 mil refugiados estão neste momento em Grand Gedeh, contabilizando 22% do total de 112 mil refugiados marfinenses que fugiram para a Libéria desde a erupção da crise após as eleições presidenciais de novembro.

Na fronteira leste da Costa do Marfim, Gana recebeu mais de três mil novos refugiados, a maior parte proveniente de Abidjan e seus subúrbios. O ACNUR estabeleceu um centro de acolhida transitório na fronteira de Elubo, além de um campo de refugiados na cidade de Ampain com capacidade para três mil pessoas. A agência está provendo alimentação e itens de ajuda enquanto corre para completar os trabalhos nas instalações sanitárias, de água e saúde.

O ACNUR continua buscando, junto com as autoridades locais, um segundo local para construir um campo ainda maior. Fleming observou que, “embora o número de refugiados em Gana seja relativamente pequeno, a rápida deterioração das condições na Costa do Marfim requer que estejamos preparados para um maior influxo. Nos próximos dias, seis funcionários da nossa equipe de emergência chegarão à região”.

Ainda mais ao leste, em Togo, cerca de 850 marfinenses – majoritariamente homens – também encontraram segurança na capital Lomé. Eles fugiram através dos distritos mais populosos e perigosos de Abidjan, como Abobo, PK-18, Adjame, Williamsville e Yopougon. Alguns deles relataram ao ACNUR que suas propriedades foram saqueadas e que foram agredidos fisicamente. Várias mulheres afirmaram terem sido estupradas.

No total, aproximadamente 116 mil marfinenses fugiram para oito países do oeste da África desde o início da crise pós-eleitoral. Além de Libéria, Gana e Togo, Guinéa, Bukina Faso, Benin e Nigéria também receberam refugiados da Costa do Marfim.

Dos US$ 97 milhões que o ACNUR precisa para conduzir esta resposta de emergência, os doadores custearam, até o momento, US$ 20 milhões.

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