sexta-feira, 22 de abril de 2011
Brasileiras protestam contra programa “Comunidades Seguras” em MA
Cinco ativistas brasileiras estiveram presentes na reunião comunitária sobre o programa “Comunidades Seguras”
As duas reuniões do governo acontecerão dia 28 próximo, das 18 às 20 horas, na escola secundária de Chelsea e no sábado, dia 14 de maio, das 12 às 14 horas, no Community College de Brockton
“Eu vim para protestar. Nós não somos criminosos, isto não é democracia”, disse Carla Fabiana, de Watertown, uma das 250 pessoas, entre elas 5 brasileiras, presentes na reunião comunitária sobre o programa Comunidades Seguras, que o governo do estado promoveu último sábado (16) em Waltham (MA). Carla trabalha como faxineira desde que veio do Espírito Santo há 6 anos. O “Comunidades Seguras” é um programa federal que permite aos policiais enviar a impressão digital de qualquer pessoa presa para a imigração.
O discurso anti-imigrante, preconceituoso, violento mesmo de algumas pessoas no auditório não assustou Carla e suas amigas, nem as muitas famílias imigrantes que lotaram o auditório da escola de Waltham. Mas parece assustar o Governador e sua equipe, pois a quarta reunião durou 45 minutos e as 10 reuniões estão reduzidas a seis. A mineira Rosângela Souza, de Newton, também foi para pedir que o programa não seja implantado. Rosângela, que mora nos Estados Unidos há 11 anos, soube da reunião no curso de inglês. Ana Paula Oliveira, de Everett, classificou o programa de “desumano”. Ela veio de Minas Gerais há sete anos e também trabalha em limpeza. “Eu vim para defender nossa raça”, disse Maria Viana, do Espírito Santo, que imigrou há 25 anos.
Como de costume, os representantes do governo não tinham respostas para algumas das perguntas mais importantes: Por que o Governador não pede uma licença para não participar do programa, como o estado de Washington e o distrito de Columbia fizeram? Como o governo explica que um programa que alega ser dirigido para criminosos já deportou em Boston 53% de imigrantes sem antecedentes criminais? Por que o Governador quer implantar o programa quando até 2013?
A resposta da administração Deval Patrick é uma só: “Não sabemos”. Depois de um início de vaia durante a reunião em Lawrence, há duas semanas, os representantes do Governo mudaram o script para “Vamos sentar com a imigração e pedir para eles responderem estas perguntas”.
O chefe de polícia Jack A. Cole, de Everett, foi um dos que testemunharam contra o programa. Jack citou estatísticas de crimes nunca solucionados, alertando que a ajuda da comunidade para a solução dos crimes é fundamental. Ele teme que o Comunidades Seguras comprometa mais ainda a confiança das pessoas na autoridade policial. A Reverenda Wendy von Zirpolo, da igreja Universalista Unitária, lembrou que “nós já vimos isto antes em Selma, Auschwitz, Rwanda e Dafur. Eu vi o preço pago por pessoas negras e morenas”. Wendy segurava um cartaz com a palavra “Love” escrita em branco sobre um fundo laranja. E mandou um recado para o Governador: “Massachusetts deve liderar o caminho como já fez antes, dizendo não aqui, não agora, nunca”.
O Reverendo Fred Small, de Cambridge, disse que estava ali por amor às famílias imigrantes, estudantes e trabalhadores. “O programa Comunidades Seguras é movido pelo medo – medo da diferença, medo do outro, medo dos estrangeiros, medo da escassez, medo da competição. Ao invés de nos unir, o programa Comunidades Seguras nos divide, prejudica a segurança porque as pessoas vão ficar com medo da polícia. Eu imploro ao Governador Patrick: por favor, não lidere Massachusetts na estrada para o Arizona. Rejeite o Comunidades Seguras”.
As duas reuniões do governo sobre o Comunidades Seguras acontecerão dia 28 próximo, das 18 às 20 horas, na escola secundária de Chelsea (299 Everett Avenue) e no sábado, dia 14 de maio, das 12 às 14 horas, no Community College de Brockton (770 Crescent Street).
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