quarta-feira, 20 de abril de 2011

Milhares de líbios fogem dos confrontos no oeste do país em direção à Tunísia


É cada vez maior o número de refugiados líbios vindos da região das montanhas no oeste do país que chegam à Tunísia, afirmou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

“No último fim de semana, aproximadamente seis mil líbios chegaram na área de Dehiba, no sul da Tunísia”, disse o porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic, em Genebra. “No total, estima-se que dez mil líbios tenham entrado no país durante os últimos dez dias”, acrescentou.

Em grande parte, quem chega são famílias da etnia Berber vindas da cidade de Nalut, a 50 quilômetros da fronteira tunisina. “Eles disseram à nossa equipe que a região das montanhas do oeste está há um mês em estado de sítio pelas forças do governo, e que a pressão feita na população é crescente”, afirmou Mahecic.

Muitas das pessoas que chegaram recentemente disseram que fugiram de suas casas por medo dos combates e dos bomberdeios que aumentaram desde o último final de semana. Informações apontam que o conflito se aproximou da região de Nalut. A partir de Dehiba, na Tunísia, equipes do ACNUR conseguem observar e ouvir explosões que acontecem no território líbio.

Alguns refugiados disseram aos funcionários do ACNUR que a viagem de carro até a Tunísia levou de quatro a cinco horas. Em circunstâncias normais, o trajeto leva menos de uma hora. Uma vez na Tunísia, estes refugiados registraram sua entrada no escritório oficial da imigração, a fim de regularizar a permanência no país.

A cidade fronteiriça de Dehiba abriga agora um grande número de refugiados líbios. A maior parte das famílias que chegaram encontrou abrigo em comunidades locais. As famílias líbias que chegam têm, em média, seis pessoas. Outros grupos estão abrigados em prédios públicos ou em um dos três campos estabelecidos pelas autoridades locais, o Crescente Vermelho dos Emirados Árabes Unidos e o ACNUR.

“Nesta manhã, nosso campo em Remada abrigava aproximadamente mil pessoas e mais tendas estão sendo montadas para atender às necessidades de abrigo. Água, latrinas, chuveiros e eletricidade já foram instaladas”, afirmou o porta-voz do ACNUR.

Paralelamente, em Benghazi, no leste da Líbia, refugiados e requerentes de asilo iraquianos desembarcaram de um navio vindo de Misrata. Eles falaram com a equipe do ACNUR sobre as atuais condições em Misrata, com tiros e bombardeios atingindo regularmente os bairros residenciais da cidade.

Os iraquianos agredeceram às famílias líbias por dividirem com eles sua comida, água e lar e, mais ainda, por terem os acompanhado até o navio que os levaria a um local seguro enquanto o bombardeio aumentava. Eles disseram estar muito preocupados com o impacto que mais um conflito teria em seus filhos.

Em Benghazi, as autoridades locais registraram 35 mil deslocados internos, mas o ACNUR estima que este número esteja perto de 100 mil, já que muitos moradores de Ajdabiya fugiram rumo a Benghazi. A maior parte dos deslocados líbios está com famílias anfitriãs.

Por volta de seis mil pessoas estão morando em diversos locais espalhados pela cidade. Novos grupos de deslocados foram identificados ao longo da costa de Benghazi e partiam em direção a Tobrouk. “Enviaremos uma equipe esta semana para fornecer ajuda a essas populações deslocadas”, indicou Mahecic.

O porta-voz notou também que o aumento no número de refugiados e de outras pessoas deslocadas por conta dos combates na Líbia está sobrecarregando as atividades das agências humanitárias, que estão numa situação financeira crítica.

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