O governo do presidente Barack Obama anunciou nesta
sexta-feira que suspendeu a deportação de imigrantes ilegais que tenham chegado
aos Estados Unidos quando crianças e morado em território americano por, pelo
menos, cinco anos consecutivos.
A
medida, reivindicada pela numerosa comunidade latina do país, foi anunciada nos
meses que antecedem a eleição presidencial, marcada para novembro deste ano.
A decisão, que passa a valer imediatamente,
afetará até 800 mil pessoas entre 16 e 30 anos. Os beneficiados poderão
permanecer nos EUA e reivindicar o visto de trabalho.
"O
anúncio é um claro golpe político que fortalecerá a cambaleante campanha de
Obama. Ele usou o poder que lhe confere a Constituição para se sobrepor à
inércia do Congresso em relação à revisão das leis de imigração", afirmou
William Marquez, correspondente da BBC Mundo em Washington.
A
reforma das leis de imigração, hoje parada no Congresso, foi uma das principais
bandeiras de Obama durante sua primeira campanha, o que o fez ganhar forte
apoio da comunidade hispânica à época.
Muitas
dos beneficiados emigraram ainda muito jovens com pais e familiares aos EUA.
Embora estejam completamente integrados à sociedade americana e tenham poucos
laços com seus países de origem, ainda sofrem com a normalização de seu status.
Obama
e seu oponente republicano, Mitt Romney, tem tentado ganhar votos dos
imigrantes latinos em Estados considerados chave para a definição da corrida
eleitoral.
Romney,
por exemplo, valia-se de uma versão do Dream Act - como é conhecido o conjunto
de propostas para a flexibilização das leis de imigração - redigida por seu
aliado e senador republicano pela Flórida, Marco Rubio, que nasceu em Cuba.
"Entretanto,
ao anunciar a decisão, Obama não só largou na frente quanto conseguiu, até
certo ponto, esvaziar qualquer projeto a ser proposto pelos rivais republicanos
para se aproximar da comunidade latina", disse Marquez.
Janet Napolitano, atual secretária de
Segurança Nacional dos EUA, afirmou que as leis de deportação não foram
concebidas para ser "executadas cegamente sem levar em consideração as
circunstâncias de cada indivíduo".
"Avaliações
criteriosas, que já são usadas em tantas outras áreas, são especialmente
justificáveis para esse tema", disse ela.
A
mudança na política de imigração, porém, não equivale a uma mudança permanente
de status ou à cidadania, ressaltou Napolitano, uma vez que não se trata de
imunidade ou anistia, acrescentou.
Com
a decisão, o governo Obama atende parte do pleito do Dream Act, o projeto de
lei, ainda não aprovado no Congresso, que concede cidadania a jovens que foram
trazidos para os EUA quando eram menores de idade.
Imediatamente
após o anúncio da medida, grupos de apoio aos direitos dos imigrantes latinos
demonstraram apoio à alteração na política migratória, que descreveram como
"uma boa e sensata notícia".
Mas
o senador republicano Lindsey Graham, que lidera o movimento contra a aprovação
do Dream Act, criticou o governo Obama.
"A
tentativa do presidente Obama de contornar o Congresso e a sociedade americana
é, no melhor dos casos, imprudente, como também possivelmente ilegal",
disse Graham.
"A
decisão evita qualquer negociação com o Congresso e com a sociedade americana
em vez de consertar um sistema de imigração falido de uma vez por todas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário