sábado, 16 de junho de 2012

Em ano de eleição, Obama suspende deportação de jovens imigrantes ilegais



O governo do presidente Barack Obama anunciou nesta sexta-feira que suspendeu a deportação de imigrantes ilegais que tenham chegado aos Estados Unidos quando crianças e morado em território americano por, pelo menos, cinco anos consecutivos.
A medida, reivindicada pela numerosa comunidade latina do país, foi anunciada nos meses que antecedem a eleição presidencial, marcada para novembro deste ano.
A decisão, que passa a valer imediatamente, afetará até 800 mil pessoas entre 16 e 30 anos. Os beneficiados poderão permanecer nos EUA e reivindicar o visto de trabalho.
"O anúncio é um claro golpe político que fortalecerá a cambaleante campanha de Obama. Ele usou o poder que lhe confere a Constituição para se sobrepor à inércia do Congresso em relação à revisão das leis de imigração", afirmou William Marquez, correspondente da BBC Mundo em Washington.
A reforma das leis de imigração, hoje parada no Congresso, foi uma das principais bandeiras de Obama durante sua primeira campanha, o que o fez ganhar forte apoio da comunidade hispânica à época.
Muitas dos beneficiados emigraram ainda muito jovens com pais e familiares aos EUA. Embora estejam completamente integrados à sociedade americana e tenham poucos laços com seus países de origem, ainda sofrem com a normalização de seu status.
Obama e seu oponente republicano, Mitt Romney, tem tentado ganhar votos dos imigrantes latinos em Estados considerados chave para a definição da corrida eleitoral.
Romney, por exemplo, valia-se de uma versão do Dream Act - como é conhecido o conjunto de propostas para a flexibilização das leis de imigração - redigida por seu aliado e senador republicano pela Flórida, Marco Rubio, que nasceu em Cuba.
"Entretanto, ao anunciar a decisão, Obama não só largou na frente quanto conseguiu, até certo ponto, esvaziar qualquer projeto a ser proposto pelos rivais republicanos para se aproximar da comunidade latina", disse Marquez.
Janet Napolitano, atual secretária de Segurança Nacional dos EUA, afirmou que as leis de deportação não foram concebidas para ser "executadas cegamente sem levar em consideração as circunstâncias de cada indivíduo".
"Avaliações criteriosas, que já são usadas em tantas outras áreas, são especialmente justificáveis para esse tema", disse ela.
A mudança na política de imigração, porém, não equivale a uma mudança permanente de status ou à cidadania, ressaltou Napolitano, uma vez que não se trata de imunidade ou anistia, acrescentou.
Com a decisão, o governo Obama atende parte do pleito do Dream Act, o projeto de lei, ainda não aprovado no Congresso, que concede cidadania a jovens que foram trazidos para os EUA quando eram menores de idade.
Imediatamente após o anúncio da medida, grupos de apoio aos direitos dos imigrantes latinos demonstraram apoio à alteração na política migratória, que descreveram como "uma boa e sensata notícia".
Mas o senador republicano Lindsey Graham, que lidera o movimento contra a aprovação do Dream Act, criticou o governo Obama.
"A tentativa do presidente Obama de contornar o Congresso e a sociedade americana é, no melhor dos casos, imprudente, como também possivelmente ilegal", disse Graham.
"A decisão evita qualquer negociação com o Congresso e com a sociedade americana em vez de consertar um sistema de imigração falido de uma vez por todas".

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