Os três anos de
estagnação do continente europeu fizeram desabar o número de brasileiros
trabalhando no bloco ou se arriscando em tomar o caminho da Europa de forma
irregular em busca de melhores salários. Tomando como base o número de
brasileiros detidos na Europa nos últimos meses, a UE estima que o continente
deixou de ser atrativo e que as altas taxas de desemprego fizeram milhares de
brasileiros abandonar seus projetos de viver na Europa.
Em
2008, ano da eclosão da crise, 29 mil brasileiros foram pegos vivendo
irregularmente na Europa e deportados. O número colocava os brasileiros no topo
das nacionalidades mais flagradas pelas polícias, ao lado de afegãos e
iraquianos.
Ao
final de 2011, os números mostram uma realidade bastante diferente. No total,
foram apenas 11 mil brasileiros detidos. Desses, um total de 6,06 mil foram
deportados.
Segundo
a própria UE, os números não revelam nem de perto o total de brasileiros
vivendo na Europa. Mas servem como um termômetro do fluxo de pessoas em direção
ao continente.
Enquanto
o número de afegãos chegando à Europa aumentou em 20% em apenas um ano, o
volume de imigrantes da Tunísia subiu em mais de 170% entre 2010 e 2011. Já o
número de brasileiros seguiu justamente uma tendência contrária. Há quatro
anos, os brasileiros representavam quase 8% dos estrangeiros detidos por estar
trabalhando ou vivendo de forma irregular na Europa. Hoje, representam apenas
3,7%.
No
geral, o número de imigrantes estrangeiros chegando à Europa sofreu uma
redução, ainda que não nas proporções da queda de brasileiros. Em 2008, 440 mil
estrangeiros foram pegos vivendo irregularmente na Europa. Em 2011, esse número
caiu para 350 mil.
Parte
do motivo, segundo a UE, foi justamente as políticas de controle de fronteiras,
principalmente com a chegada ao poder de partidos que usaram a questão
imigratória para ganhar votos. Na Finlândia, o líder populista Timo Soini
propôs regras mais duras para adquirir a nacionalidade local e sugere que
mulheres estudem menos para ter tempo de procriar ' verdadeiros finlandeses'.
Na Hungria, os ultra-nacionalistas chegaram a revogar direitos de estrangeiros
e promoveram uma série de leis que deixaram a EU e até a ONU em estado de
pânico. Em Copenhague, o Partido do Povo não disfarça suas intenções. 'A
Dinamarca nunca foi um país de imigração. Portanto, não aceitamos a
transformação para a uma sociedade multi-etnica. A Dinamarca pertence aos
dinamarqueses', alerta o grupo.
Mas
a própria avaliação dos europeus indica que é a questão da oferta de trabalho
que freou milhares de pessoas em seus projetos de buscar uma vida melhor na
Europa. Para a Frontex, agência de fronteiras da Europa, esse fator continuará
a pesar nas escolhas migratórias em 2012 e 2013. 'Diferenças na demanda por
trabalho vão continuar a impactar as escolhas de destinos de imigrantes
econômicos nos próximos anos para a Europa', indicou a entidade em seu último
levantamento.
De
fato, o número de pessoas barradas já na fronteira é um espelho dessa
tendência. Até 2008, cerca de 11,1 mil brasileiros eram detidos nos aeroportos
e fronteiras a cada ano. A grande maioria era pega por supostamente estar
tentando entrar no continente sem visto de trabalho.
Ao
final do ano passado, o volume havia desabado para apenas 4,7 mil em ano. Apenas entre 2010
e 2011, a
redução foi de 23%. De ser a segunda maior nacionalidade detida nas fronteiras
europeias em 2008, os brasileiros caíram para a sexta posição em 2011.
Dia a Dia
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