quarta-feira, 6 de junho de 2012

Brasileiros abandonam a Europa em crise


Os três anos de estagnação do continente europeu fizeram desabar o número de brasileiros trabalhando no bloco ou se arriscando em tomar o caminho da Europa de forma irregular em busca de melhores salários. Tomando como base o número de brasileiros detidos na Europa nos últimos meses, a UE estima que o continente deixou de ser atrativo e que as altas taxas de desemprego fizeram milhares de brasileiros abandonar seus projetos de viver na Europa.
Em 2008, ano da eclosão da crise, 29 mil brasileiros foram pegos vivendo irregularmente na Europa e deportados. O número colocava os brasileiros no topo das nacionalidades mais flagradas pelas polícias, ao lado de afegãos e iraquianos.
Ao final de 2011, os números mostram uma realidade bastante diferente. No total, foram apenas 11 mil brasileiros detidos. Desses, um total de 6,06 mil foram deportados.
Segundo a própria UE, os números não revelam nem de perto o total de brasileiros vivendo na Europa. Mas servem como um termômetro do fluxo de pessoas em direção ao continente.
Enquanto o número de afegãos chegando à Europa aumentou em 20% em apenas um ano, o volume de imigrantes da Tunísia subiu em mais de 170% entre 2010 e 2011. Já o número de brasileiros seguiu justamente uma tendência contrária. Há quatro anos, os brasileiros representavam quase 8% dos estrangeiros detidos por estar trabalhando ou vivendo de forma irregular na Europa. Hoje, representam apenas 3,7%.
No geral, o número de imigrantes estrangeiros chegando à Europa sofreu uma redução, ainda que não nas proporções da queda de brasileiros. Em 2008, 440 mil estrangeiros foram pegos vivendo irregularmente na Europa. Em 2011, esse número caiu para 350 mil.
Parte do motivo, segundo a UE, foi justamente as políticas de controle de fronteiras, principalmente com a chegada ao poder de partidos que usaram a questão imigratória para ganhar votos. Na Finlândia, o líder populista Timo Soini propôs regras mais duras para adquirir a nacionalidade local e sugere que mulheres estudem menos para ter tempo de procriar ' verdadeiros finlandeses'. Na Hungria, os ultra-nacionalistas chegaram a revogar direitos de estrangeiros e promoveram uma série de leis que deixaram a EU e até a ONU em estado de pânico. Em Copenhague, o Partido do Povo não disfarça suas intenções. 'A Dinamarca nunca foi um país de imigração. Portanto, não aceitamos a transformação para a uma sociedade multi-etnica. A Dinamarca pertence aos dinamarqueses', alerta o grupo.
Mas a própria avaliação dos europeus indica que é a questão da oferta de trabalho que freou milhares de pessoas em seus projetos de buscar uma vida melhor na Europa. Para a Frontex, agência de fronteiras da Europa, esse fator continuará a pesar nas escolhas migratórias em 2012 e 2013. 'Diferenças na demanda por trabalho vão continuar a impactar as escolhas de destinos de imigrantes econômicos nos próximos anos para a Europa', indicou a entidade em seu último levantamento.
De fato, o número de pessoas barradas já na fronteira é um espelho dessa tendência. Até 2008, cerca de 11,1 mil brasileiros eram detidos nos aeroportos e fronteiras a cada ano. A grande maioria era pega por supostamente estar tentando entrar no continente sem visto de trabalho.
Ao final do ano passado, o volume havia desabado para apenas 4,7 mil em ano. Apenas entre 2010 e 2011, a redução foi de 23%. De ser a segunda maior nacionalidade detida nas fronteiras europeias em 2008, os brasileiros caíram para a sexta posição em 2011.
 Dia a Dia

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