quarta-feira, 27 de julho de 2011

Discurso xenófobo vai se acirrar na Europa, prevê estudiosa



Estudiosa nas áreas de imigração e refugiados, a psicóloga e psicanalista Taeco Toma Carignato, do Laboratório Psicanálise e Sociedade (USP) e do Núcleo de Pesquisa: Violência e Sujeito (PUC-SP), prevê um acirramento do discurso xenófobo na Europa. O debate voltou a ganhar destaque após os atentados que deixaram dezenas de mortos na Noruega, na última sexta-feira (22). Em manifesto na internet, o autor dos ataques em Oslo e na ilha de Utoeya, Anders Behring Breivik, declarou-se contrário à entrada de muçulmanos na Europa, bandeira anti-imigração levantada pelos grupos de ultra-direita.

- Infelizmente, nas crises econômicas esse tipo de discurso se acirra. Tivemos isso na Alemanha nazista. As pessoas enxergam o "outro" como o responsável pelas dificuldades. Ninguém procura ver o que está acontecendo em termos estruturais. É uma visão maniqueísta e os governos contribuem para isso. Sempre houve esse discurso, mas era uma minoria, não se dava muita atenção até que a Social Democracia começou a falhar na Europa. Vieram as crises, o medo do desemprego, o próprio desemprego, o temor da perda dos privilégios da classe média. Isso fez com que o imigrante virasse um bode expiatório - afirma, lembrando que a intolerância anti-islâmica também está cada vez mais fortalecida nos Estados Unidos.

A especialista se diz surpresa com o fato de os atentados terem ocorrido na Noruega, país com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo e um dos poucos sem um partido forte de extrema-direita.

- Por isso, não dá para dizer exatamente o que aconteceu com esse rapaz (Breivik). Quais as circunstâncias que o levaram a esse gesto. Enquanto não houver esses detalhes, são fantasias que criamos em torno dessa violência, uma violência inconcebível. Por enquanto, só se pode fazer uma análise baseada nas circunstâncias políticas e econômicas que a Europa está vivendo.

Ana Cláudia Barros

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