Venho estudando a imigração espanhola desde 2008. Já sabia das arbitrariedades cometidas pelas autoridades espanholas nos aeroportos. Mas ontem por duas vezes quase tive problemas, o que me livrou foi ter a dupla nacionalidade.
Fiz o trajeto Rio- Madrid- Santiago de Compostela. Na chegada à Madrid, saindo do avião antes de passar pela imigração, eu e Guilherme (MEU FILHO DE 8 ANOS) fomos abordados e impedidos de seguir até mostrarmos nossos passaportes espanhóis. Em Santiago, porém, a situação foi pior. Fomos abordados depois que recolhemos nossas bagagens, já tínhamos passado por todas as barreiras. Quando um policial viu "GIG" na bagagem nos abordou novamente e fez exatamente estas perguntas
- Vocês são do Brasil. Vivem aqui ou no Brasil?
Vieram de férias?
No Brasil possui trabalho?
Tem parentes espanhóis aqui na Espanha?
Há alguém da família aguardando do lado de fora?
Eu fui respondendo todas as perguntas enquanto procurava meus passaportes dentro da bolsa, e também estava curiosa pra saber o que seria feito de nós caso não tivéssemos a dupla. Mas temi porque estava com o Guilherme e apresentei logo os passaportes e o policial nos liberou.
Isso prova as arbitrariedades da polícia de imigração espanhola que coloca guardas em outros locais além daqueles burocráticos dificultando o acesso de brasileiros em seu território. Como pode um policial abordar dessa maneira antes e depois de todo o processo legal?
Ainda em Madrid, percebi a má vontade perante os brasileiros. O aeroporto de Madrid é enorme e confuso, muda o portão de acesso aos vôos a toda hora sem aviso, temos que ficar de olho nas pantalhas de informação o tempo todo. Alguns brasileiros perderam a conexão para outras partes da Europa porque os funcionários davam as informações erradas.
Lembrando que a nacionalidade que mais é deportada em aeroportos espanhóis é a brasileira!!!
Também fiz trabalho de campo em migraçoes na Espanha para minha tese de doutorado e posso te assegurar que nao há nada contra os brasileiros em particular. Todos os imigrantes estao sujeitos a esses controles massivos de identidade grotescos. Muito especialmente se vc. nao é branco do tipo européu.
Ana Paula Moreira Rodriguez Leite
Professora de História
Mestranda do Programa de Pós Graduação em História Comparada PPGHC/UFRJ
Pesquisadora do Laboratório de Estudos do Tempo Presente TEMPO/UFRJ
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