O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE),
senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), marcou para terça-feira (16) a votação
do Projeto de Lei do Senado 288/2013, do senador
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que regula a entrada de estrangeiros no
Brasil.
A nova lei resultante da proposta vai revogar parte do Estatuto do
Estrangeiro (Lei 6.815/1980), criticado por Ferraço, que é o
relator da matéria na CRE.
— Não sei o que é mais grave. Se o atual Estatuto do Estrangeiro, fruto
de uma visão preconceituosa do regime militar, ou se a inércia das autoridades
que durante todo o período pós-ditadura ainda não fez a adequação óbvia desta
Legislação — disse.
As Comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Constituição e Justiça e
Cidadania (CCJ) já aprovaram parecer ao projeto que, se for aprovado na CRE,
poderá seguir para a Câmara dos Deputados, sem passar pelo Plenário do Senado.
Aumento da imigração
A situação dos imigrantes no Brasil foi tema da audiência pública desta
quinta-feira (11), na Comissão de Relações Exteriores, requerida pelo senador
Ricardo Ferraço para obter subsídios sobre o assunto.
Parlamentares e convidados manifestaram a preocupação com o aumento da
imigração e do número de refugiados que chegam ao Brasil. Segundo dados da ONU,
esses números dispararam nos últimos quatro anos. O total de pessoas de 81
nacionalidades diferentes pedindo refúgio no país cresceu 1.255%. De acordo com
a Polícia Federal, desde 2010 cerca de 40 mil haitianos conseguiram entrar no
nosso território.
— O Brasil é percebido hoje como uma "terra de oportunidades",
e não só por latinos, mas também por pessoas da Africa e até da Ásia — disse o
Secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, durante a
audiência.
Ele acrescentou que, além de buscar melhores condições de vida, eles
fogem de conflitos. Outro dado fornecido pelo secretário é que 20% dos
refugiados que estão em solo brasileiro vêm da Síria.
Falta de
infraestrutura
Paulo Abrão admitiu que o país ainda não tem infraestrutura para atender
essas pessoas. Por isso estão sendo estabelecidas parcerias com os estados mais
atingidos, como Acre e São Paulo, visando a construção de centros de Atendimento.
Durante a reunião a representante da Cáritas, Vivian Holzhacker, pediu
ao Governo que conceda a todos os estrangeiros o tratamento preferencial que
tem dado aos imigrantes do Haiti, que enfrentam menos burocracia para receberem
o visto permanente, por razões humanitárias.
Já a representante do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do
Imigrante, Tania Bernuy, solicitou a alteração do artigo do projeto de Aloysio
Nunes que prevê incentivo à admissão de mão de obra especializada.
— Favorecer a mão de obra especializada é institucionalizar a imigração
seletiva, é uma política discriminatória — justificou Bernuy.
Também participou da audiência o procurador dos Direitos do Cidadão no
Ministério Público, Aurélio Veiga. Ele defende a aprovação do projeto de
Aloysio Nunes, alegando que o atual Estatuto do Estrangeiro tem uma filosofia
totalmente contrária ao espírito democrático da Constituição de 88.
Agência Senado
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