sábado, 20 de dezembro de 2014

Um em cada três emigrantes de 2013 tinha mais de 40 anos

Aumento da emigração é o fator que mais contribui para a diminuição da população residente em Portugal
Em 2013 emigraram 128.108 portugueses segundo as estimativas oficiais. Daqueles, 42% emigraram com a perspectiva de ficarem por um ano ou mais. Com os imigrantes, por outro lado, a diminuir, Portugal está a perder população desde 2011 - o que já não acontecia desde 1992.
Entre 2010 e 2013, o país perdeu 146 mil pessoas, conforme recorda o Pordata, numa nota em que a base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos enumera os números que traduzem as tendências demográficas dos últimos anos.
Além do saldo natural que nos últimos anos se tem mantido em valores negativos, com mais mortes do que nascimentos (e recorde-se, a propósito que, em 2013, essa diferença foi de -23,8 mil), a diferença entre o número de pessoas que emigram e os imigrantes que entram também é o que mais tem pesado na diminuição da população residente em território nacional. Em 2013, houve mais 60 mil portugueses a sair do que imigrantes a entrar.
Para Maria João Valente Rosa, directora do Pordata, o saldo migratório negativo “reflete verdadeiramente o estado em que o país se encontra”, ou seja, “incapaz de encontrar formas de atrair pessoas vindas de fora, que devia ser a grande aposta dos governantes”. Isto porque as migrações acabam por pesar mais na dinâmica populacional do que a questão da natalidade por si só. “As migrações têm efeitos diretos e indiretos nos nascimentos, no envelhecimento, na economia… O que me surpreende é que esta questão não esteja a ser tão enfatizada quanto deveria”, insiste a socióloga.
Os estrangeiros eram, em 2009 e 2010, responsáveis por mais de 10% dos nascimentos registrados nesses anos. Em 2013, e porque Portugal tem visto sair muitos dos seus imigrantes, os nascimentos de filhos de mãe estrangeira já tinham descido para os 8,9%.
Do lado dos emigrantes, no ano passado 12,3 por cada mil habitantes foram residir e trabalhar no estrangeiro. Há uma década, só 3 em cada mil habitantes emigravam. E, embora a maioria das pessoas (57%) que emigra tenha entre 20 e 39 anos, a Pordata encontrou nos números pessoas cada vez mais velhas a optar por trabalhar e viver no estrangeiro. No ano passado, um em cada três emigrantes tinha mais de 40 anos.
Saem em idade de ter filhos e sabem, sobretudo, numa altura em que “sendo a esperança de vida à nascença de cerca de 80 anos, os projetos de vida estão a meio”, conforme sublinha Valente Rosa, enquadrando assim o “envelhecimento” dos emigrantes, nesta “alteração profunda dos tempos de vida a que temos vindo a assistir”.
Em termos de remessas dos emigrantes, que em 2013 representavam 1,8% do Produto Interno Bruto, o maior volume provém de França, Suíça e Angola. As remessas provenientes de Angola representavam no ano passado 10% do total de remessas de emigrantes, mas em 1996 não ultrapassavam os 0,2%.
Do outro lado da moeda, Portugal é o 19º país da União Europeia com mais baixas percentagens de estrangeiros residentes: representavam apenas 4% do total da população. Depois de quase três décadas em que a população estrangeira residente em Portugal aumentou continuamente, nos anos mais recentes os imigrantes têm vindo a diminuir a uma média de 3% ao ano.
Os brasileiros continuam a ser a comunidade estrangeira mais representativa: 23% do total. Seguem-se os cabo-verdianos, ucranianos e os romenos. Juntas, estas quatro nacionalidades representam mais de metade dos estrangeiros residentes em Portugal.
Por outro lado, a população chinesa é atualmente quatro vezes mais numerosa do que há dez anos. Em 2003, havia cinco mil chineses e, no ano passado, ultrapassavam já os 18 mil. 

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