O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) é
a agência da ONU responsável por conduzir e coordenar ações internacionais
para proteção dos refugiados e a buscar soluções duradouras para seus
problemas. Iniciou seus trabalhos em 1950, e desde então já ajudou a dezenas de
milhões de pessoas em todo o mundo. Em reconhecimento por seu trabalho
humanitário, o ACNUR já recebeu dois Prêmios Nobel da Paz (1954 e 1981).
Para quem se vê forçado a abandonar seus lares devido a guerras e
perseguições, o ACNUR é, frequentemente, a última esperança de um retorno a uma
vida normal. Com uma equipe de aproximadamente 7.000 funcionários e presente em
mais de 120 países, o ACNUR ajuda cerca de 35 milhões de pessoas deslocadas por
conflitos e violações de direitos humanos.
O Brasil é signatário dos principais instrumentos internacionais de
Direitos Humanos e é parte da Convenção de 1951 da ONU relativa ao Estatuto dos
Refugiados e do seu respectivo Protocolo (de 1967). Em julho de 1997, o país
promulgou a Lei 9.474, que internaliza estes instrumentos legais. A lei contém
os mecanismos de proteção presentes na Convenção de 1951 e no Protocolo de
1967, e também em instrumentos regionais, como a Declaração de Cartagena de
1984.
Com o objetivo de manter seus compromissos internacionais no âmbito do
refúgio, o Governo Brasileiro, sob a liderança do Ministério da Justiça, em
parceria com o ACNUR, está desenvolvendo uma iniciativa inovadora na busca por
soluções duradouras para os refugiados. Trata-se de um projeto piloto e
pioneiro que facilita a migração laboral de refugiados colombianos que se
encontram atualmente no Equador.
Segundo estatísticas oficiais, o Brasil hospeda cerca de 7.000
refugiados, de 80 nacionalidades diferentes. Já Equador, 33 vezes menor em
território, é o país de Latinoamérica com maior número de refugiados, 56.000,
dos quais 98 por cento são colombianos.
Dada a estabilidade socioeconômica observada no Brasil, assim como seu
potencial de acolhida, o Projeto de Mobilidade Regional e Inserção Econômica de
Refugiados busca oferecer uma alternativa para ampliar as perspectivas de
integração local como uma solução duradoura para os refugiados que ainda buscam
autossuficiência. Os beneficiários do projeto serão refugiados colombianos que
não se encontram em situação de vulnerabilidade prolongada e que estejam aptos
a trabalhar logo após sua chegada ao Brasil.
A experiência do ACNUR demonstra que a integração de refugiados na
comunidade local é mais eficiente quando lhes é dada a oportunidade de inserção
no mercado de trabalho, pois isso cria oportunidades concretas de autonomia
financeira. Os refugiados chegam ao país de refúgio com uma grande bagagem de
experiência e diversidade cultural, o que pode trazer efeitos positivos ao
mercado de trabalho local.
Os beneficiários do Projeto de Mobilidade Regional e Inserção Econômica
de Refugiados terão os mesmos direitos e deveres de qualquer refugiado no
Brasil. As salvaguardas de proteção previstas pelo projeto são as mesmas
previstas para um refugiado reconhecido nos termos da Lei 9.474/97.
Nesse sentido, vale destacar que os participantes do programa terão sua
condição de refugiado reconhecida pelo Estado Brasileiro no momento de sua
chegada ao país, possibilitando-lhes a obtenção da documentação devida com
agilidade. Tais documentos consistem em número de Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF), Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e número de Registro
Nacional de Estrangeiros (RNE), o que regulariza sua situação migratória no
país e permite sua inserção no mercado formal de trabalho além de ter acesso às
politicas públicas de saúde, educação e assistência social, dentre outras.
De maneira complementar, a fim de facilitar a integração local e a inserção
no mercado laboral, os participantes do projeto terão acesso a aulas de
português ainda no Equador, bem como a cursos de capacitação na área
profissional que forem exercer no Brasil. No escopo deste programa, será
implementado um projeto piloto em parceria com o Ministério da Justiça, o ACNUR
Brasil e o ACNUR Equador.
Para implementar este projeto piloto (previsto para o período
2014-2016), o ACNUR e o Governo do Brasil estão estabelecendo uma rede de
instituições que trabalharão em conjunto, a fim de receber cerca de 200
refugiados colombianos nos próximos dois anos. Esta rede será composta por
instituições dos setores privado e público, assim como da sociedade civil.
Uma das primeiras ações previstas é a identificação no setor privado, de
empresas que possam absorver essa mão de obra, na sociedade civil, de grupos
que possam conformar uma rede de acolhimento, e na instituição pública, órgãos
e entidades que facilitem o atendimento aos acordos que fazem parte desta
iniciativa.
O Projeto de Mobilidade Regional e Inserção Econômica de Refugiados é
resultado da constante busca do ACNUR de encontrar soluções e brindar proteção
para os refugiados no Brasil e na América Latina, assim como de envolver outros
setores da sociedade na assistência e acolhimento dos refugiados.
Acnur
Nenhum comentário:
Postar um comentário