País que recebe 170 mil
imigrantes todos os anos, a Itália se emocionou neste Natal com a história de
Testimony Salvatore, criança que nasceu na quinta-feira (25), a bordo do Etna,
um navio militar que resgatou centenas de pessoas que estavam à deriva no Mar
Mediterrâneo. Entre os imigrantes estava a mãe de Testimony, Kate, uma
nigeriana de 28 anos.
O bebê Testimony Salvatore nasceu minutos após atingir solo italiano.
Marinha Italiana
Kate
viajava com outra filha, uma menina de 15 meses. As duas partiram da Nigéria há
dois meses e embarcaram na Líbia na última terça-feira (23), depois de ter
deixado o marido e dois filhos, de 6 e 10 anos, na Argélia. “Estou muito feliz
com o nascimento do meu filho. Tive muito medo, mas tudo deu certo”, celebrou
Kate, ainda no hospital.
Apesar de
ter virado um “conto de Natal com final feliz” na mídia italiana, a história da
nigeriana e seu bebê chamou a atenção para o drama vivido cotidianamente por
imigrantes africanos que tentam atravessar o Mediterrâneo rumo à Europa.
Somente nos últimos dias, 2,3 mil pessoas foram resgatadas pela marinha
italiana. Na semana passada, haviam sido mil. A média é de 475 imigrantes por
dia – mais de metade vem da Síria e da Eritreia.
Apesar
dos esforços italianos, no último ano o número de vítimas fatais ao tentar a
travessia atingiu um recorde de 3,4 mil pessoas, segundo a ONU, que denunciou a
“indiferença chocante” dos países europeus em relação ao problema.
Chefe dos
coiotes é identificado
Mais de
80% dos imigrantes tenta a viagem sobre barcos infláveis ou em velhos barcos de
pesca que partem da Líbia, onde o caos político desde a queda de Muamar Kadafi
facilita a fuga sem fiscalização. Segundo a imprensa italiana, um egípcio de 32
anos foi identificado como o chefe da quadrilha que organiza a rede de
imigração. A polícia chegou a seu nome depois de interceptar ligações
telefônicas dos coiotes que trabalham nos barcos líbios. A quadrilha cobra
milhares de euros de cada pessoa para realizar a travessia.
Como a
marinha italiana é obrigada, pelo Direito Marítimo internacional, a responder
aos pedidos de resgate, os coiotes fazem cada vez menos esforço para realizar
as viagens. A Itália precisou reduzir, recentemente, sua principal operação de
segurança, a “Mare Nostrum”, alegando não ter apoio financeiro de seus pares da
União Europeia.
Salva-vidas
italianos também informaram na semana passada sua preocupação com uma nova
prática dos coiotes, que começam a utilizar navios de comércio no final de seus
trajetos. Estas embarcações são mais seguras, mas mais difíceis de conduzir. No
dia 20 de dezembro, oficiais precisaram subir em um destes barcos que havia
sido abandonado com o motor ligado em piloto automático, para salvar 850
imigrantes que estavam a bordo.
RFI
Nenhum comentário:
Postar um comentário