Mesmo com a recente desaceleração da economia
brasileira, o Brasil continua sendo atrativo para estrangeiros trabalharem e
ganharem bem. Como as leis trabalhistas garantem benefícios que não existem em
outros mercados, os imigrantes conseguem viver bem e ainda enviar cada vez mais
dinheiro para seus países de origem. No primeiro semestre deste ano, as
remessas em dólares aumentaram quase 9% em relação ao mesmo período do ano
passado.
De acordo com dados do Banco Central (BC), nos primeiros seis meses de 2013 foram enviados US$ 442,7 milhões para fora do país por estrangeiros residentes no Brasil, quase metade do que enviaram para cá os brasileiros que vivem no exterior –
US$ 953,4 mi, no mesmo período. No primeiro semestre de 2012, os estrangeiros mandaram R$ 406,6 milhões do Brasil. Em 2011, foram U$ 403,7 milhões em remessas, e em 2010, US$ 391,3 milhões, sempre no primeiro semestre. No caminho contrário, as remessas de brasileiros no exterior minguam – foram US$ 1,05 bilhão no primeiro semestre de 2011 e US$ 1,01 bi no mesmo período de 2012, fechando abaixo de US$ 1 bi entre janeiro e junho deste ano.
O número de autorizações de trabalho para estrangeiros, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também estava aumentando desde 2010 (veja quadro). “A economia brasileira estava com um crescimento em torno de 7% em 2010, era um ótimo mercado, tanto para brasileiros quanto para estrangeiros”, ressalta o economista José Márcio Camargo. Nos primeiros três meses de 2013, contudo, houve uma pequena queda em relação ao primeiro trimestre de 2012, de 1,7%, o que já pode ser reflexo da desaceleração da economia brasileira.
“Chegamos a ter falta de mão de obra no país. Isso já não está acontecendo agora. Com o desemprego em alta, o Brasil pode não se tornar mais tão atrativo, o que é uma pena porque os imigrantes imprimem dinamismo à economia”, diz Camargo. Isso ocorre, explica o economista, porque os estrangeiros são pessoas dispostas a fazer qualquer esforço para melhorar a qualidade de vida. “O que é muito bom para o país que os recebe”, explica.
O professor de chinês Sun Tie chegou a Belo Horizonte em janeiro deste ano para trabalhar na escola de idiomas Huawen. Ele é casado e tem uma filha de 4 anos, que mora com a esposa dele em Pequim, na China. Ele veio à capital a convite do proprietário da escola. Mensalmente, o chinês manda dinheiro para a família. Sun Tie conta que, desde que era pequeno, sonha morar no Brasil. “Gosto do futebol, samba e ouvi dizer que o brasileiro é muito simpático. Quis tornar o meu sonho realidade”, diz.
Ele conta que em janeiro, quando chegou ao Brasil, seu salário era mais alto se fosse convertido para a moeda chinesa, a renminbi (RMB). Na época, segundo ele, R$ 1 era equivalente a 3,2 RMBs. Hoje, o real se desvalorizou e R$ 1 passou a valer 2,6 RMBs. O chinês pretende morar no Brasil até 2015. Em janeiro do próximo ano, vai visitar a família. “Mas não sei se elas virão, pois a passagem de avião é cara e é muito longe”, diz. Ele sente muita falta da comida de sua terra. Tentou frequentar uns restaurantes chineses, mas conta que o sabor encontrado foi diferente do da terra natal. “A comida chinesa é mais apimentada do que aqui. E a daqui é mais salgada”, diz.
Crise
O espanhol Jaime Palazuelo está em Belo Horizonte há 10 anos. Ele trabalha no ramo imobiliário e conta que foi atraído pelo clima, cultura e gastronomia do país, além de motivos profissionais. “Naquela época, havia uma bolha imobiliária na Espanha”, afirma. Sua empresa faz construção, revitalização e aluguel de imóveis. A situação que ele vive hoje é diferente da de anos atrás. Palazuelo conta que, nos últimos tempos, passou a ter que ajudar amigos e parentes financeiramente, o que não acontecia no passado. “Quando eu vim para cá, o dinheiro circulava mais na Espanha”, afirma.
“Hoje temos profissionais espanhóis de todas as áreas procurando emprego no Brasil, qualificados e não qualificados. Temos visto muitos arquitetos, engenheiros, bombeiros e carpinteiros procurando trabalho”, afirma Palazuelo. Ele lembra uma experiência curiosa vivida há pouco tempo em Salvador (BA). Palazuelo conta que chegou à cidade e cruzou, no aeroporto, com um garçom da Galícia (Espanha). “Aquilo me chamou a atenção e comecei a conversar com ele. O garçom me contou que acabava chegar, em busca de trabalho, pois estava havia dois anos sem emprego na Espanha”, afirma. O garçom contou que estava recebendo o salário fixo e adicionais que somavam cerca de R$ 2 mil, o que representava, na época, cerca de 800 euros, salário difícil de se conseguir na Espanha. Palazuelo é empresário e afirma que se tivesse que atuar hoje no mesmo ramo na Espanha, teria dificuldade. “Seria difícil ou quase impossível, devido à crise”, diz.
O índice de migração para o Brasil ainda é baixo se comparado ao de países desenvolvidos. O professor de Relações de Mercado da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, destaca que apenas 0,5% dos 100 milhões de trabalhadores do Brasil são estrangeiros. “Em países como Canadá, por exemplo, esse índice é de 20%. Nos EUA, é de 10%. Ainda há espaço para o Brasil aproveitar o que os estrangeiros têm a oferecer”, garante.
De acordo com dados do Banco Central (BC), nos primeiros seis meses de 2013 foram enviados US$ 442,7 milhões para fora do país por estrangeiros residentes no Brasil, quase metade do que enviaram para cá os brasileiros que vivem no exterior –
US$ 953,4 mi, no mesmo período. No primeiro semestre de 2012, os estrangeiros mandaram R$ 406,6 milhões do Brasil. Em 2011, foram U$ 403,7 milhões em remessas, e em 2010, US$ 391,3 milhões, sempre no primeiro semestre. No caminho contrário, as remessas de brasileiros no exterior minguam – foram US$ 1,05 bilhão no primeiro semestre de 2011 e US$ 1,01 bi no mesmo período de 2012, fechando abaixo de US$ 1 bi entre janeiro e junho deste ano.
O número de autorizações de trabalho para estrangeiros, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também estava aumentando desde 2010 (veja quadro). “A economia brasileira estava com um crescimento em torno de 7% em 2010, era um ótimo mercado, tanto para brasileiros quanto para estrangeiros”, ressalta o economista José Márcio Camargo. Nos primeiros três meses de 2013, contudo, houve uma pequena queda em relação ao primeiro trimestre de 2012, de 1,7%, o que já pode ser reflexo da desaceleração da economia brasileira.
“Chegamos a ter falta de mão de obra no país. Isso já não está acontecendo agora. Com o desemprego em alta, o Brasil pode não se tornar mais tão atrativo, o que é uma pena porque os imigrantes imprimem dinamismo à economia”, diz Camargo. Isso ocorre, explica o economista, porque os estrangeiros são pessoas dispostas a fazer qualquer esforço para melhorar a qualidade de vida. “O que é muito bom para o país que os recebe”, explica.
O professor de chinês Sun Tie chegou a Belo Horizonte em janeiro deste ano para trabalhar na escola de idiomas Huawen. Ele é casado e tem uma filha de 4 anos, que mora com a esposa dele em Pequim, na China. Ele veio à capital a convite do proprietário da escola. Mensalmente, o chinês manda dinheiro para a família. Sun Tie conta que, desde que era pequeno, sonha morar no Brasil. “Gosto do futebol, samba e ouvi dizer que o brasileiro é muito simpático. Quis tornar o meu sonho realidade”, diz.
Ele conta que em janeiro, quando chegou ao Brasil, seu salário era mais alto se fosse convertido para a moeda chinesa, a renminbi (RMB). Na época, segundo ele, R$ 1 era equivalente a 3,2 RMBs. Hoje, o real se desvalorizou e R$ 1 passou a valer 2,6 RMBs. O chinês pretende morar no Brasil até 2015. Em janeiro do próximo ano, vai visitar a família. “Mas não sei se elas virão, pois a passagem de avião é cara e é muito longe”, diz. Ele sente muita falta da comida de sua terra. Tentou frequentar uns restaurantes chineses, mas conta que o sabor encontrado foi diferente do da terra natal. “A comida chinesa é mais apimentada do que aqui. E a daqui é mais salgada”, diz.
Crise
O espanhol Jaime Palazuelo está em Belo Horizonte há 10 anos. Ele trabalha no ramo imobiliário e conta que foi atraído pelo clima, cultura e gastronomia do país, além de motivos profissionais. “Naquela época, havia uma bolha imobiliária na Espanha”, afirma. Sua empresa faz construção, revitalização e aluguel de imóveis. A situação que ele vive hoje é diferente da de anos atrás. Palazuelo conta que, nos últimos tempos, passou a ter que ajudar amigos e parentes financeiramente, o que não acontecia no passado. “Quando eu vim para cá, o dinheiro circulava mais na Espanha”, afirma.
“Hoje temos profissionais espanhóis de todas as áreas procurando emprego no Brasil, qualificados e não qualificados. Temos visto muitos arquitetos, engenheiros, bombeiros e carpinteiros procurando trabalho”, afirma Palazuelo. Ele lembra uma experiência curiosa vivida há pouco tempo em Salvador (BA). Palazuelo conta que chegou à cidade e cruzou, no aeroporto, com um garçom da Galícia (Espanha). “Aquilo me chamou a atenção e comecei a conversar com ele. O garçom me contou que acabava chegar, em busca de trabalho, pois estava havia dois anos sem emprego na Espanha”, afirma. O garçom contou que estava recebendo o salário fixo e adicionais que somavam cerca de R$ 2 mil, o que representava, na época, cerca de 800 euros, salário difícil de se conseguir na Espanha. Palazuelo é empresário e afirma que se tivesse que atuar hoje no mesmo ramo na Espanha, teria dificuldade. “Seria difícil ou quase impossível, devido à crise”, diz.
O índice de migração para o Brasil ainda é baixo se comparado ao de países desenvolvidos. O professor de Relações de Mercado da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, destaca que apenas 0,5% dos 100 milhões de trabalhadores do Brasil são estrangeiros. “Em países como Canadá, por exemplo, esse índice é de 20%. Nos EUA, é de 10%. Ainda há espaço para o Brasil aproveitar o que os estrangeiros têm a oferecer”, garante.
Estado de Minas
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