"Foram atitudes truculentas,
incitaram o preconceito e a xenofobia", disse o ministro da Saúde
Alexandre Padilha, sobre protesto em Fortaleza. Governo pode acionar Polícia
para garantir a segurança dos médicos estrangeiros
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lamentou a postura de cerca de
50 médicos de Fortaleza que, na noite da última segunda-feira (26),
hostilizaram médicos estrangeiros do programa Mais Médicos, que saíam de um
curso na Escola de Saúde Pública do Ceará. “Foram atitudes truculentas,
incitaram o preconceito e a xenofobia”, disse Padilha. “Eles (os médicos de Fortaleza)
participaram de um verdadeiro corredor polonês da xenofobia, atacando médicos
que vieram de outros países para atender a população apenas naqueles municípios
onde nenhum profissional quis fazer atendimento”, disse Padilha.
Em entrevista coletiva ontem, o secretário de gestão estratégica e
participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, também criticou o
protesto do Sindicato dos Médicos do Estado (Simec) contra a vinda dos
profissionais sem submissão ao Exame Nacional de Revalidação de Diplomas
(Revalida). Conforme ele, o ato foi uma demonstração clara de “truculência,
violência, agressividade, xenofobia, preconceito e racismo”, pois os
manifestantes tacharam os médicos de “escravos” e “incompetentes”, além de
terem gritado: “voltem pra senzala”.
O secretário apoiou a nota emitida pelos conselhos Estadual e Municipal
de Saúde em repúdio ao protesto. Até a tarde de ontem, o documento havia sido
subscrito por 20 entidades, algumas de defesa dos direitos humanos. “Esses
médicos foram agredidos. É necessária uma retratação do sindicato, que incitou
médicos a praticar violência. A manifestação deve acontecer. O que repudiamos é
a truculência. Eu mesmo fui vítima de empurrões, tapas e de um ovo”, denunciou,
recusando-se a informar se registrou Boletim de Ocorrência, se foi ou seria
submetido a exame de corpo de delito ou se pretende registrar queixa contra o
Simec.
Segurança dos médicos
De acordo com Odorico, as cúpulas das polícias federal e estadual e da
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) já estão
articuladas para possíveis intervenções. “Cabe ao governo brasileiro garantir a
defesa e proteção dos profissionais. Essa proteção vai ser garantida”, disse.
O secretário estadual da Saúde, Arruda Bastos, também criticou o
protesto. “Foi lamentável. Foi um dia negro para as entidades que estavam aqui
se manifestando. Não podemos aceitar grosserias e injúrias. Fazemos um apelo
para que as entidades respeitem os médicos. Esses médicos vieram atendendo a um
pedido do governo brasileiro. Não justifica nenhum ato como o que aconteceu”.
Presidente do Conselho Estadual, João Marques classificou o episódio
como “fato isolado” e que não representa o Mais Médicos no resto do País. Mas
ponderou: “é triste ver uma categoria de extrema importância entrar no processo
dessa forma. O que está em jogo é a sobrevivência do sistema de saúde”
Agência Estado
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