Macedônia e Albânia estão preocupadas com a onda dos imigrantes ilegais
africanos e asiáticos que, provenientes de uma Grécia em crise, fogem para
estes dois países desenvolvidos da União Europeia (UE).
Embora a imigração ilegal nestes países já existisse antes, o fenômeno
se agravou nos últimos três anos devido à crise grega e ao tratamento hostil e
racista que o estado vizinho reserva para os imigrantes afegãos, iranianos e
paquistaneses no país, membro da UE e da Otan, segundo fontes do Ministério do
Interior macedônio.
"Há um aumento dos imigrantes que entram ilegalmente na Macedônia
através da fronteira do sul com a Grécia. A UE nos enche de imigrantes ilegais
africanos e asiáticos", se queixou Ivo Kotevski, vice-ministro do
Interior.
"O fenômeno é preocupante e é conhecido pelas as autoridades do
bloco", acrescentou.
As rotas do trânsito ilegal de pessoas são idênticas às usadas para o
contrabando de heroína proveniente do Afeganistão com destino aos países ricos
da UE.
Uma passa por Irã, Turquia, Grécia, Macedônia, Sérvia, Hungria; outra
entra na Bulgária e na Romênia desde a Turquia e a terceira atravessa Grécia,
Albânia, Montenegro, Croácia e Itália.
O trânsito ilegal de imigrantes desencadeou a criação de verdadeiras
"agências turísticas" nos países de origem que oferecem
"excursões europeias" aos afegãos, paquistaneses, sírios e iranianos.
Essas pessoas não precisam de vistos e nem de passaportes, apenas
colocar no bolso uma soma que varia entre US$ 7 mil e US$ 10 mil para pagar os
traficantes que os distribuem entre pessoas de confiança nas passagens
fronteiriças desses países.
A maioria deles são rapazes, mas também há mulheres e crianças que
cruzam os postos de fronteira com documentos falsos com a permissão de
policiais corruptos.
Outros, os mais fortes, vão escondidos em veículos de transporte e uma
terceira categoria arrisca a vida ao atravessar a pé as trilhas nos montes e
florestas que dividem as fronteiras.
O povoado macedônio de Lojane, de seis mil habitantes e situado a um
quilômetro da fronteira com a Sérvia, se transformou em um ponto importante de
reunião desses imigrantes ilegais.
Na semana passada, um imigrante afegão foi assassinado por pessoas
desconhecidas em Tabanovce, enquanto tentava entrar ilegalmente na Sérvia.
A polícia macedônia suspeita que o motivo do assassinato tenha sido um
acerto de contas entre os grupos rivais de traficantes.
"Esta onda de imigrantes provenientes da Grécia ameaça nos
afundar", advertiu recentemente a ministra do Interior macedônia, Gordana
Jankulovska, em entrevista coletiva.
Também na Albânia o fenômeno preocupa a polícia, que nesta semana deteve
12 paquistaneses e dois afegãos escondidos em um caminhão que transitava pela
costa próxima da cidade de Vlora e deteve também o motorista albanês.
Esses imigrantes que fogem de seus países afundados em conflitos armados
para buscar uma vida melhor nos países desenvolvidos europeus às vezes se
transformam em vítimas dos saqueadores.
Assim, um afegão ficou ferido em abril deste ano quando um grupo armado
albanês assaltou quatro afegãos para roubar o dinheiro que levavam próximo da
passagem fronteiriça de Kakavije que, como a de Kapshtice, são as portas
principais de entrada dos imigrantes ilegais que saem da Grécia.
Mas estas pessoas que fogem de seus países de origem são vítimas também
da polícia grega, que os transporta em seus veículos até a fronteira albanesa e
depois os solta e dispara para o ar a fim de empurrá-los rumo à Albânia,
segundo denunciou a imprensa em Tirana.
Isso ocorre por causa da aguda crise econômica que castigou a Grécia,
cujo Governo deve garantir a esses vários imigrantes ilegais alojamento, comida
e repatriá-los com o pouco dinheiro público.
Apesar de o fenômeno preocupar Macedônia e Albânia, as autoridades
desses países balcânicos não oferecem dados sobre o número de imigrantes
ilegais árabes que utilizam seus territórios para chegar aos países
desenvolvidos europeus.
Terra
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