quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Novo conservadorismo europeu atrapalha avanço de países no bloco


Bulgária e Romênia querem entrar na zona de isenção de vistos da União Europeia, mas enfrentam fervor nacionalista
As câmeras infravermelhas posicionadas em Svilengrad, perto da fronteira da Bulgária com a Grécia e a Turquia são de potência alta o suficiente para capturar coelhos correndo em campos agrícolas na calada da noite.

Mas em uma tarde recente, os homens do posto de controle desta localidade se concentravam em um carro que se movia um pouco rápido demais ao longo de uma estrada rural. Talvez um contrabandista, eles pensavam. Eles, então, usaram o rádio para que o carro fosse parado. Mas tudo não passou de um alarme falso.
A Bulgária e sua vizinha Romênia, que gastaram mais de 1 bilhão de euros, ou cerca de US$ 1,4 bilhão, no desenvolvimento de uma operação de fronteira de alta tecnologia, estão esperando para juntar-se à zona de isenção de vistos da União Europeia neste mês. Os países também esperam assumir a guarda de algumas das fronteiras externas da união.

Alguns anos atrás, tal movimento teria sido provavelmente rotina, dizem os especialistas, apenas mais um passo na contínua e entusiasmada expansão da União Europeia. Mas hoje, há um novo conservadorismo em ação no bloco.

A Bulgária e a Romênia foram acolhidas na União Europeia em 2007, apesar de questões remanescentes sobre o seu crime organizado, corrupção e sistema judiciário ineficaz. Agora que a Europa enfrenta uma crise econômica, no entanto, o medo de mais imigração da África e do crescente fervor nacionalista entre os países membros faz com que o bloco preste mais atenção a estas questões.

"É bom ter uma máquina que verifica se há uma pessoa ilegal na parte traseira de um caminhão", disse Karel van Kesteren, embaixador holandês na Bulgária. "Mas, se você pode pagar 500 euros a alguém para olhar o outro lado, não faz sentido algum”.

A Holanda deve vetar a entrada da Bulgária e da Romênia na zona de viagens livre, conhecida como a zona Schengen. Outros países também podem ser contra, incluindo Finlândia, Alemanha e França, onde a campanha do presidente Nicolas Sarkozy à reeleição tem cortejado eleitores conservadores ao ser cada vez mais crítico com a abertura das fronteiras da União Europeia.

Oficiais búlgaros e romenos não fazem segredo de sua decepção. Eles se queixam de terem cumprido as exigências da União Europeia, mas de agora estarem sujeitos a novas normas. O vice-premiê da Bulgária Simeon Djankov disse que essas normas ainda não estão claras.

"Seria mais simples se eles dissessem: 'OK, nós pensamos sobre isso e o mundo mudou’", disse ele, "’e, portanto, pensamos que deveriam haver mais três critérios. E aqui estão eles’”.

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