segunda-feira, 5 de setembro de 2011

BBC faz reportagem sobre fuga de cérebros em Portugal


A BBC dedica uma reportagem aos jovens licenciados que abandonam Portugal à procura de emprego e melhores condições de vida. Natália Santos, uma professora de 29 anos, é um dos exemplos apontados pela estação britânica. A docente candidatou-se a 362 escolas nos últimos seis anos, mas o contrato mais longo que conseguiu foi de apenas nove meses e pelo salário mínimo. "Por vezes, sinto-me muito frustrada e desiludida", conta a docente à BBC. "Não vou desistir. Vou emigrar porque não vou esperar para que Portugal me dê algo".
Em cada dez licenciados, um abandona o País, levando a notícia a referir-se a uma "geração perdida". "Esta é a maior onda de emigração desde 1960", diz Filipa Pinho, do Observatório de Emigração, ouvida pela BBC.
A notícia classifica o novo movimento de "reviravolta histórica", já que, apesar da tradição portuguesa de partir em procura de trabalho pelos países mais ricos da Europa, a rota é hoje Brasil, Angola e Moçambique. O franco crescimento económico destas nações, de onde Portugal recebeu imigrantes durante décadas, contrasta com a difícil situação económica nacional que empurra muitos jovens para empregos precários e para o desemprego.
No Brasil, estima o Observatório, o número de portugueses registado nos consulados cresceu para cerca de 60 mil, entre 2009 e 2010. Em Angola, onde se fixaram cerca de três mil empresas lusas, foram emitidos 23,787 vistos para portugueses. Em 2006, eram apenas 156. António Bagal, um empresário de 32 anos que partiu de Lisboa para se instalar em Angola, revela que um engenheiro civil que em Portugal recebe cerca de 900 euros, pode ganhar quatro vezes mais neste país. Por isso, refere, os jovens hoje que partem são sobretudo licenciados e mesmo doutorados. A novidade, diz, "é que muitos deles não querem regressar".

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