A discussão sobre a expulsão de ciganos em países europeus deu origem a um dos dias mais tensos da reunião de cúpula da União Europeia. Nicolas Sarkozy e Durão Barroso tiveram uma acesa troca de palavras sobre a expulsão de centenas de pessoas de território francês: "Os gritos eram tão fortes que se ouviam na outra ponta do corredor", contou um diplomata europeu presente. Ontem, o caso ganhou nova força, com Sarkozy a anunciar que a Alemaha lhe iria seguir o exemplo, mas acabou por ser desmentido por Angela Merkel.
O presidente francês esclareceu depois a conversa com Barroso: "Expus francamente o que França pensa, embora continuemos a trabalhar com Durão Barroso, sem qualquer problema. No entanto, se alguém manteve a calma e se absteve de fazer comentários excessivos, esse alguém fui eu", explicou Sarkozy.
Durante a sessão de trabalho de quinta-feira, Sarkozy considerou que o país ficou "ferido" com as declarações da Comissão, que por intermédio da comissária europeia da Justiça, Viviane Reding, relacionou as expulsões de ciganos às deportações do regime nazi. Essas declarações "foram profundamente ofensivas, e o meu dever como chefe de Estado é defender o país", insistiu posteriormente Sarkozy à imprensa.
Apoio europeu O presidente francês contou com o apoio dos restantes chefes de Estado que se mostraram igualmente chocados com as declarações de Reding. A chanceler alemã Angela Merkel chamou as declarações de Reding de "infelizes", o primeiro-ministro britânico, David Cameron, confessou-se "assombrado" e o chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, pediu à comissária que "contenha a sua força declarativa".
Alemanha Aproveitando o apoio dos restantes países, Sarkozy falou da especial solidariedade expressa pela chanceler alemã. "Merkel garantiu-me que dentro de poucas semanas, também a Alemanha vai começar a deportar ciganos", disse. Por sua vez, Angela Merkel já negou que tenha discutido o tema da deportação de ciganos com Sarkozy durante a cimeira da União Europeia. O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Guido Westerwelle, assegurou que as declarações de Sarkozy são fruto de um "mal-entendido".
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner garante não estar ao corrente de uma conversa sobre a questão dos ciganos entre Nicolas Sarkozy e Angela Merkel. Questionado pela rádio Europe 1 sobre quem está a dizer a verdade, Bernard Kouchner respondeu: "A História o dirá. Eu não assisti [à suposta conversa] e estive lá o tempo todo".
Itália Por sua vez, Silvio Berlusconi já ofereceu o seu apoio incondicional a Sarkozy. De acordo com Roberto Maroni, ministro do Interior italiano, "a França pratica uma política de regresso voluntário. A Itália mostra-se plenamente de acordo, até porque fazemos o mesmo". Em Itália vivem 180 mil ciganos, dos quais 110 mil são imigrantes dos Balcãs. Segundo avança o jornal italiano "La Repubblica", foram realizadas 315 intervenções em acampamentos ilegais nos últimos três anos.
Também Espanha aplaudiu a medida levada a cabo por Sarkozy. "No que respeita à imigração, é importante a ordem e o controlo", lembrou o presidente do governo, José Rodrigues Zapatero.
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