As novas medidas para regular a imigração no Canadá, com reforço de
fiscalização dos trabalhadores temporários, "são exageradas" e
"não são o caminho certo", afirmou um advogado português em Toronto.
Segundo Fernando Martins, advogado de defesa criminal e especialista em
matérias de imigração, o reforço de fiscalização dá um poder excessivo aos
agentes do Governo, que podem inspecionar os locais de trabalho sem um mandato
judicial à procura de trabalhadores temporários em situação irregular, muitos
deles imigrantes.
"Essas medidas podem ser abusadas, exageradas, e dar um poder a um
agente do governo que não seja protegido por regulamentos da lei não é
bom", disse hoje à agência Lusa Fernando Martins.
O advogado disse ainda que estas novas regras "já eram
esperadas" depois de várias polémicas ocorridas o ano passado e
relacionadas com a contratação de imigrantes.
Em 2013, foram dispensados funcionários do banco RBC, e foi-lhes
ordenado que dessem formação aos seus substitutos, incluindo trabalhadores
temporários estrangeiros.
Para o advogado, muitas das visitas dos agentes da imigração "são
efetuadas através de denúncia" e muitas das vezes são por intermédio de
fatos que "não são reais", de situações "inventadas", que
podem "prejudicar muitos empresários".
A medida visa proteger os trabalhadores canadianos, visto que algumas
empresas têm procurado a contratação de empregados estrangeiros com salários
mais acessíveis, e também elimina a denominada regra dos 15 por cento, que
permitia às companhias a pagar aos trabalhadores temporários estrangeiros 15
por cento menos que a taxa existente para qualquer posição.
"Sei que esta medida vem no sentido de proteger os trabalhadores
canadianos e os residentes permanentes, mas existem outras soluções que não a
invasão de certas empresas", concluiu o especialista.
Também a presidente da Federação de Empresários Luso-Canadianos,
Cristina Martins, tem "dúvidas" na fiscalização por parte dos agentes
da imigração e questiona: "Quem vai verificar se não há abuso por parte
dos agentes?".
No que diz respeito à ideia da regra dos 15 por cento, a responsável
concorda pois vai permitir que "não abusem do sistema".
Estima-se que existem no
país cerca de 550 mil luso-canadianos ou descendentes de portugueses, residindo
a sua grande maioria na província do Ontário.Açoriano Oriental
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