sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

EEUU. Centro de Assistência ao Imigrante faz novas parcerias para 2014

Quando o ex-marido da mineira Patrícia Souza foi deportado, cada decisão em relação ao filho do casal, hoje com 8 anos, virava uma grande burocracia. Sem saber como proceder, Patrícia foi informada sobre o Centro de Assistência ao Imigrante (Immigration Assistant Center), um grupo de aproximadamente 20 brasileiros voluntários que faz a ponte entre imigrantes e programas governamentais que poucos conhecem.
“Fui informada sobre uma das voluntárias, eu a procurei e ela me ajudou a preencher os papéis, foi comigo às audiências e, finalmente, em dezembro, consegui a guarda de meu filho”, conta Patrícia, que vive em Coconut Creek.
Ao longo de 2013, o IAC atendeu aproximadamente 500 pessoas mensalmente, segundo uma das coordenadoras do grupo, Esther Pereira, com casos como o de Patrícia, casos de deportação, de violência doméstica, imigração e mesmo acesso ao sistema de saúde.
Desde 2009, quando vários brasileiros começaram a ser deportados, um grupo de ativistas brasileiros resolveu ajudá-los, fazendo a ponte entre aquele que não tem condições de pagar por ajuda legal e instituições governamentais que oferecem algum tipo de ajuda. “Nós trabalhamos com aqueles que estão abaixo do nível de pobreza, por isso o IAC não oferece concorrência alguma aos advogados da região, pois essas pessoas nem os procurariam”, explica Esther. “Miami tem muitas organizações como a nossa, pois o cubano é muito mais envolvido politicamente. Mas, em Broward, quase não existia, e por isso quando realizamos clínicas de imigração em parcerias com entidades, recebemos imigrantes de vários países”.
O ano de 2014 parece ainda mais cheio de trabalho para o IAC, que agora tem projetos de parceira com Work Force One para realizar seminários gratuitos para brasileiros se equiparem melhor para o mercado de trabalho.
Casos vão desde pensão alimentícia à custódia de menores e divórcio. “Atendemos e fornecemos informações legais em casos de violência doméstica. Formamos parcerias com a organização Women in Distress, Palm Beach Domestic Violence Unit, No More Tears, organizações que atendem casos de violência doméstica com imigrantes especificamente, e Legal Aid of Broward, que também atende casos de imigrantes sem documentos em casos de violência doméstica, e Labor Department para situações na área de leis trabalhistas”.
Em 2013, o IAC também realizou diversas clínicas de imigração em associação com a faculdade de direito de imigração da FIU, para a naturalização de residentes permanentes e para jovens elegíveis ao Deferred Action For Childhood Arrivals, DACA, na qual foram atendidos mais de 500 estudantes, com a supervisão de advogados da FIU Immigration Clinic, que  trabalham pro bono, ou seja, sem custo para os requerentes. As duas clínicas foram realizadas em parceria com o Florida New American, SWER, e Dreamer’s Mothers.
De acordo com Esther, o Centro formou uma parceira com a ALM, Abundant Life Ministry Immigration Services, organização sem fins lucrativos que é que é certificada pelo Departamento de Homeland Security. Esta é uma iniciativa do Departamento de Justiça, que credencia organizações comunitárias para representar os imigrantes sem documentos perante o tribunal de imigração, cobrando somente taxas de acordo com a renda familiar, atendendo em maioria pessoas que tem renda abaixo do nível de pobreza no país.
Desde outubro, a AIC Florida juntamente com ALM, vem preenchendo os formulários para os casos de DACA, sem nenhum custo para o jovem imigrante, e também, dependendo do caso, paga pela taxa do USCIS. O objetivo da organização é atender o imigrante sem documento e prestar os serviços necessários, independente da habilidade que o imigrante tenha para pagar.
Para portadores de green card e cidadãos, o IAC tem parceira com o HUF, Hispanic Unity of Flórida, e encaminhou, em 2013, aproximadamente 50 brasileiros para os diversos programas gratuitos  que tem como objetivo educar o imigrante a ser um cidadão responsável e independente financeiramente. Depois que o brasileiro se credencia ao HUF, eles oferecem apoio para a compra de casa própria, estudos universitários, abertura de pequenos negócios, cursos de capacitação, aulas de inglês e de cidadania, bolsa de estudos para a faculdade, empréstimo para pequenos negócios e até compra de carro com juros baixos.
O perigo de “falar espanhol”
Uma das bandeiras do IAC é conscientizar brasileiros a não dizerem que “falam espanhol” em momentos difíceis como no envolvimento com a justiça, saúde, escola.
“O IAC procura facilitar a comunicação entre o brasileiro e os órgãos governamentais, mas muitas vezes a ideia que o brasileiro tem de que ‘falar espanhol’ acaba atrapalhando”, explica a coordenadora.
Esther relata o caso de um brasileiro que vivia nos EUA há 18 anos e foi preso e enviado para o Broward Transition Center. Ele disse que não precisaria de tradutor, pois podia entender espanhol.
“Perguntaram para ele se ele pagou pelo casamento, e ele afirmou que sim, que pagou tudo”, relata. “Isso gerou um grande problema para ele. O juiz perguntou se ele pagou por um casamento fraudulento, quando ele na verdade entendeu que estavam lhe perguntando se ele pagou pela cerimônia, festa. No final, ele foi também acusado pelo crime do casamento fraudulento. É importante as pessoas saberem que têm direito a um tradutor”.

 Gazeta News. Brazilian news

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