A CSU, partido que compõe a coalizão de
governo de Merkel, afirma que imigrantes de países europeus pobres são atraídos
por benefícios sociais alemães. Críticos acusam social-cristãos de fomentar
ressentimentos.
A União Social Cristã (CSU), partido conservador da Baviera aliado à
União Democrata Cristã (CDU) e que faz parte da coalizão de governo da
chanceler federal Angela Merkel, quer criar dificuldades para a entrada na
Alemanha de imigrantes de baixa renda vindos de países europeus mais pobres.
Entre as medidas que deverão ser discutidas durante encontro do partido,
marcado para os dias 7 a 9 de janeiro, estão a completa suspensão dos
benefícios sociais para imigrantes durante os três primeiros meses na Alemanha
e punições mais rígidas contra quem fraudar o sistema, incluindo deportação e
proibição de nova entrada no país. "Quem fraudar, cai fora", afirma
um slogan do partido.
Pano de fundo da proposta é o livre fluxo, dentro da União Europeia, de
trabalhadores vindos da Bulgária e da Romênia, válido a partir desta
quarta-feira, 1º de janeiro. A CSU argumenta que o ingresso de imigrantes
pobres vai sobrecarregar o sistema social alemão.
O Instituto de Pesquisa sobre Mercado de Trabalho e Emprego (IAB) prevê
que, só no próximo ano, a Alemanha poderá receber entre 100 mil e 180 mil
pessoas oriundas da Bulgária e da Romênia – onde se pagam os menores salários
da UE, em média. Atualmente, há cerca de 370 mil cidadãos dos dois países em
território alemão. Muitos deles são das etnias sinti e rom.
"Imigrantes da pobreza"
Os pesquisadores do instituto, no entanto, ressaltam no estudo que os
números sobre emprego e pagamento de benefícios dos imigrantes da Bulgária e da
Romênia não sustentam a tese de que estes seriam "imigrantes da
pobreza". A taxa de ocupação dos imigrantes de países da UE é superior à
dos alemães, afirmam.
As medidas sugeridas pela CSU seguem regras que já existem dentro da UE.
Elas estabelecem que o país que recebe os imigrantes não é obrigado a
garantir-lhes benefícios sociais nos primeiros três meses de residência. Também
por receio de uma onda de imigração, o governo do Reino Unido estabeleceu leis
restringindo direitos de imigrantes desempregados no país.
"Os contínuos abusos do livre fluxo na Europa pela imigração da
pobreza ameaçam não apenas a aceitação desse livre fluxo por parte dos cidadãos,
mas também leva municípios ao limite de suas capacidades financeiras",
afirma a proposta da CSU. Por isso, o partido pretende "reduzir falsos
estímulos à imigração".
Críticas à proposta
A proposta despertou críticas de várias outras legendas no país,
inclusive de parceiros da coalizão. A secretária de Estado para Migração,
Refugiados e Integração e vice-presidente do Partido Social-Democrata (SPD),
Aydan Özoguz, alertou a CSU para não usar o encontro partidário para acirrar os
ânimos na sociedade contra os mais pobres "por meio de falsas
generalizações".
A primeira mulher de origem turca e muçulmana a assumir um cargo no
gabinete de governo alemão pediu ainda que a CSU siga os preceitos
estabelecidos no acordo de coalizão firmado entre o SPD e a CDU/CSU.
Já o Partido Verde e A Esquerda, de oposição, acusaram os
social-cristãos de fomentar ressentimentos. "A CSU não deveria intoxicar o
clima político interno", afirmou o deputado Volker Beck, do Partido Verde.
A líder da bancada dos social-cristãos no Parlamento, Gerda Hasselfeldt,
garante, porém, que o partido é favorável ao livre fluxo de trabalhadores na
UE, mas rejeita uma imigração cujo único propósito seja o recebimento de
benefícios sociais.
DW.DE
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