D. António Francisco dos Santos considera que as migrações são um
“fenómeno estrutural e estruturante da sociedade” e que os migrantes não são
“objeto de assistência”, mas sujeitos “de pleno direito na vida da Igreja”.
“As migrações não são um fenómeno marginal à sociedade a requerer
soluções de emergência”, disse D. António Francisco dos Santos esta sexta-feira
na conferência de abertura do XIV Encontro de Formação de Agentes
Sociopastorais das Migrações, que decorre em Albergaria-a-Velha até domingo.
Para o bispo de Aveiro, o fenómeno migratório não “chegou agora”
nem é “epidérmico”, mas uma marca das sociedades atuais, transformando-as de
“predominantemente monoculturais” em “eminentemente multiculturais”.
Numa comunicação sobre o tema “Retomar a importância das Migrações
para a Pastoral da Igreja”, D. António Francisco dos Santos referiu que a
existência de “muitos documentos do magistério” e de “estudos sociopastorais”
não esconde a falta de uma “teologia pastoral sobre o modo de acompanhar os
emigrantes”.
“Temos muitos documentos, muitos estudos feitos, muitos livros
escritos, mas não temos trabalho de teologia e de práxis pastoral sobre o modo
de acompanhar e de sermos Igreja com os migrantes”, afirmou o prelado.
D. António Francisco dos Santos recordou que a mudança de
paradigma na atenção aos migrantes aconteceu com D. João Batista Scalabrini,
bispo italiano e fundador de uma congregação religiosa que fez das migrações
“uma realidade maior”.
“O migrante passou de objeto de assistência ou caridade pastoral a
sujeito de pleno direito na vida da Igreja”, afirmou o bispo de Aveiro
Para D. António Francisco dos Santos, a Igreja Católica “sempre
sentiu que os migrantes nunca foram um perigo que desestabilizasse uma
estrutura ou a vida da Igreja”
“As igrejas nunca se fecharam como tantas vezes as portas das
fronteiras se fecham”, afirmou.
D. António Francisco dos Santos considera que “as migrações são
missão para a Igreja”, tendo provocado o desenvolvimento de uma “teologia do
reconhecimento”.
“A teologia do conhecimento é importante. Reconhecer a dignidade
da pessoa humana, a igualdade na mesma fé, reconhecer o direito que temos de
viver noutros países para trabalhar com honestidade, construir o futuro com
dignidade e viver em família”, referiu.
No início dos trabalhos do encontro de agentes sociopastorais das
migrações, D. António Francisco dos Santos desafiou à adequação das “estruturas
pastorais” aos “contínuos fluxos migratórios”, à atenção à “emigração sazonal”
e ao diálogo inter-religioso, espontâneo nas comunidades migrantes.
XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações,
sobre o tema “Aventuras e desencantos na emigração” assinala em Portugal o Dia
Mundial do Migrante e Refugiado, terminando no domingo com uma conferência de
D. Manuel Clemente na Sé de Aveiro que, com a missa de encerramento, terá
transmissão online emwww.livestream.com/dioceseaveirotv.
Agencia Eclesia
Nenhum comentário:
Postar um comentário