O governo canadense apresentou na segunda-feira novas regras que
restringem a contratação de trabalhadores estrangeiros temporários, no âmbito
de uma polêmica iniciada no começo do mês com a demissão de funcionários de um
banco que queria substituí-los por trabalhadores indianos.
"Estamos preocupados pelos casos nos quais o programa (de
recrutamento de trabalhadores estrangeiros temporários) tenha sido utilizado de
maneira inadequada", declarou durante uma coletiva de imprensa o ministro
da Imigração, Jason Kenney.
"Os canadenses devem continuar sendo os primeiros a poder
aproveitar as ofertas de emprego", insistiu, lembrando que o programa em
questão "busca satisfazer a falta" de trabalhadores em certos setores
de maneira pontual, "e não substituir empregados canadenses".
No entanto, as mudanças introduzidas no ano passado na legislação
multiplicaram o número de vistos concedidos, particularmente ao reduzir o prazo
durante o qual um empregador devia garantir que nenhum canadense queria o
emprego em questão antes de poder contratar um estrangeiro. Estas modificações
legais também reduziam o salário básico dos trabalhadores estrangeiros
temporários.
O número de vistos concedidos no âmbito deste programa duplicou em 2012
e chegou a 330.000, enquanto o Canadá tem 1,4 milhão de desempregados.
A rede de televisão pública CBC revelou no início de abril que
funcionários do Banco Real do Canadá - primeira instituição financeira do país
- seriam substituídos por trabalhadores indianos. Após a controvérsia, o banco
desistiu da iniciativa. Mas rapidamente se soube que o mesmo estava ocorrendo
no setor minerador, na restauração e nos transportes.
Com a apresentação na segunda-feira das novas restrições, as empresas
que quiserem participar do programa deverão pagar mais por gastos
administrativos e não poderão exigir de seus empregados o conhecimento de
outras línguas que não sejam o inglês e o francês. E, sobretudo, os salários
pagos não poderão ser mais de 15% inferiores aos pagos aos canadenses.
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