O escritor Frei Betto critica os ataques à decisão do governo
federal de trazer médicos estrangeiros para o Brasil, que avalia como uma
tentativa de melhorar a distribuição dos profissionais da saúde no país. Ele
também criticou o sistema médico brasileiro "cada vez mais
mercantilizado": "O Conselho Federal de Medicina (CFM) reclama da
suposta validação automática, mas em nenhum momento isso foi defendido pelo
governo. O temor é encarar a competência de médicos estrangeiros."
Em sua coluna semanal na Rádio Brasil Atual, Betto ressalta que há uma distribuição desigual dos profissionais da saúde no país e cita dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2011, que indicam a concentração de 209 mil médicos (dos 372 mil registrados no Brasil) nas regiões Sul e Sudeste e pouco mais de 15 mil na região Norte. Segundo esses dados, 65% dos médicos brasileiros se encontram em áreas onde reside menos da metade da população brasileira.
Em sua coluna semanal na Rádio Brasil Atual, Betto ressalta que há uma distribuição desigual dos profissionais da saúde no país e cita dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2011, que indicam a concentração de 209 mil médicos (dos 372 mil registrados no Brasil) nas regiões Sul e Sudeste e pouco mais de 15 mil na região Norte. Segundo esses dados, 65% dos médicos brasileiros se encontram em áreas onde reside menos da metade da população brasileira.
"Médico cubano não virá para o Brasil para emitir laudos de
ressonância ou atuar em medicina nuclear. Ele vai tratar de verminoses, malária
e desidratação, reduzindo casos de mortalidade materna e infantil, aplicando
vacinas e ensinando medidas preventivas, como cuidados de higiene", diz
Frei Betto.
Segundo estudo realizado pelo
Conselho Federal de Medicina e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo (Cremesp), o Brasil dispunha de 1,8 médico para cada mil habitantes
em 2011, enquanto os índices da Argentina e de Cuba eram de 3,16 e 6,39 médicos
por cada mil habitantes, respectivamente.
Betto indica algumas iniciativas para tentar reverter o quadro, como a proposta do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) de fazer os médicos formados em universidades públicas trabalharem durante 2 anos em áreas carentes, a fim de ter seus registros profissionais validados.
Betto indica algumas iniciativas para tentar reverter o quadro, como a proposta do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) de fazer os médicos formados em universidades públicas trabalharem durante 2 anos em áreas carentes, a fim de ter seus registros profissionais validados.
Outra iniciativa é o programa de valorização do profissional de
saúde de atenção básica, que oferece salário inicial de 8 mil reais e pontos de
progressão de carreira para médicos que realizarem serviços de atenção primária
à população de 1.407 municípios.
Na semana passada, o governo federal anunciou a possibilidade de
trazer de seis mil médicos cubanos para trabalhar no interior do Brasil. Em
seguida, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acrescentou que o governo
busca fechar parcerias também com Portugal e Espanha. O porta-voz da
Presidência da República, Thomas Traumman, anunciou hoje (20) que o Brasil
oferecerá vistos de trabalho entre 2 e 3 anos para profissionais dos três país
que queiram realizar atendimento em cidades do país carentes na área da saúde.
"A ideia do programa é
concentrar os médicos em cidadãos onde não há ou onde há um índice de
profissionais muito abaixo da média mundial e em subúrbios", disse durante
evento promovido pela Agência
EFE. Traumman disse ainda que o governo negocia esse programa com os três
países desde o ano passado e esclareceu que o número de médicos que poderão vir
ao Brasil ainda não foi definido.
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