sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os imigrantes e a crise mundial


Os efeitos da crise mundial prejudiciais à economia são bem conhecidos por todos. A globalização das empresas e mercados ajudou a intensificar os males gerados após o colapso do sistema imobiliário americano, e setores que teoricamente estariam livre de ameaças e não se relacionavam diretamente às hipotecas também se mostraram extremamente prejudicados.
Além dos Estados Unidos, entre os países que sofreram fortes perdas com a crise mundial destacam-se também a Espanha e o Japão, onde o retorno forçado de imigrantes apresenta números ainda crescentes e preocupantes. Apesar do epicentro da crise já estar distante, os efeitos ainda são sentidos e a recuperação deve ser lenta e gradual onde houve maiores consequências. A diminuição da imigração e o agravamento da situação para quem já era imigrante são reflexos diretos do corte de empregos, da recessão e do quadro caótico em alguns setores. Analisando estes dois países em especial, é possível identificar semelhanças que vão além da grande quantidade de brasileiros entre aqueles que decidem voltar a seu país de origem para fugir da crise.
A Espanha e o forte impacto da crise na Europa
Desde a década de 90, Itália e Espanha lideravam a lista de países europeus preferidos pelos imigrantes. Até então, a maioria dos imigrantes tinham origem britânica. Em 2002, os imigrantes marroquinos já respondiam por 21% do total de estrangeiros na Espanha, e depois da admissão de países do Leste Europeu na União Europeia, o quadro ficou ainda mais dramático com a chegada em massa de romenos. Hoje, estima-se que cerca de 11% da população do país é estrangeira, um total de cinco milhões de pessoas.
Um dos motivos do agravamento da crise na Espanha é a queda do setor de construção civil, que, assim como o ramo de serviços domésticos e hotelaria, é responsável pela contratação de muitos imigrantes. Até pouco tempo aquecido, o setor afundou com a crise mundial e forçou a volta de espanhóis às filas de emprego e dos estrangeiros à possibilidade de volta a seus países.
Outro fenômeno forçado pela recessão é a procura de espanhóis por vagas tradicionalmente ocupadas por imigrantes ou estrangeiros recém-chegados. Um exemplo é a colheita de azeitonas no sul do país, que na última década era feita quase exclusivamente com mão-de-obra estrangeira e em 2009 já contava com grande número de espanhóis entre os interessados. O movimento é comum em tempos de crise também nos EUA, quando americanos passam a buscar trabalhos desempenhados na maior parte do tempo por latinos e outros imigrantes.
O governo espanhol oferece ajuda oficial aos imigrantes que desejam voltar para casa. O plano de retorno voluntário disponibiliza a quem trabalhava legalmente valores correspondentes ao seguro-desemprego, além de dinheiro para complementar o custo da viagem de volta. Para receber o auxílio, os imigrantes devem se prontificar a deixar a Espanha em até 30 dias junto a seus familiares. A contagem começa no dia do recebimento da primeira parte da ajuda, e a segunda é recebida depois da chegada ao país de origem, que deve constar na lista daqueles que mantém relações bilaterais com a Espanha.
A Secretaria espanhola de Imigração e Emigração divulgou números apontando que cerca de 4 mil desempregados já pediram inscrição no plano, a maioria do Equador e Colômbia.
O retorno dos dekasseguis
Reduto de grande massa de imigrantes brasileiros, o Japão também sofreu impactos profundos da crise e forçou trabalhadores a voltarem para casa. Enfrentando o pior cenário desde o final da Segunda Guerra Mundial, os japoneses tiveram boa parte de sua base econômica atingida. Os setores de eletroeletrônicos e a indústria automotiva acusaram rapidamente os efeitos da crise e contribuíram para a redução de 3,3% no PIB do último trimestre de 2008.
Números do Banco do Brasil em Tóquio apontam que mais de 50 mil dekasseguis retornaram ao Brasil desde setembro de 2008, marco inicial da crise, quando até então aproximadamente 320 mil brasileiros viviam por lá. Até o fim de 2009, este total pode ter diminuído em até 30%.
Assim como o espanhol, o governo japonês também formulou um pacote voltado aos imigrantes, mas que incluiu também auxílio no desenvolvimento profissional e cursos de japonês para quem decide permanecer no país. Um dos itens, porém, despertou forte rejeição interna: dekasseguis e dependentes que optam por retornar ao Brasil recebem ajuda de custo de US$ 3 mil e US$ 2 mil, respectivamente. Quem aceita, porém, não poderá retornar futuramente com visto de trabalho, ou seja, portas fechadas para o emprego de forma definitiva. O Itamaraty negocia para que o bloqueio do visto seja apenas temporário, e não permanente.
Infelizmente a duração da crise ainda é uma incógnita, e embora alguns analistas apontem uma situação de retomada dos investimentos, outros recomendam cautela, apesar de aparentemente o pior cenário já ter ficado no passado. Entretanto, os problemas com excessos de imigrantes e o combate a eles em alguns países, além do retorno forçado de milhares de trabalhadores aos países de origem para fugir da crise certamente são temas que devem ser abordados nas provas deste ano!


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