sábado, 25 de agosto de 2012

Avança a integração de refugiados na Venezuela


Celina Gelvez comemorou o recebimento de sua nova casa com uma festa para os amigos refugiados, vizinhos, oficiais do governo venzuelano e funcionários do ACNUR. O pároco da Catedral de Guasdualito abençoou a casa de três quartos, recebida do governo do país. Vinte anos depois de ter sido obrigada a abandonar sua casa na Colômbia, o sonho de ter uma casa se realizou para Celina.
Ela nasceu em San Ignacio, no departamento colombiano de Cesar. Passou uma década deslocada dentro do seu próprio país, tendo que se mudar várias vezes para não ficar na rota dos grupos armados.
“A situação ficou insuportável, eu não tinha mais escolha senão pegar meus filhos e deixar nosso país", disse. "Saímos da nossa casa deixando para trás todos os nossos bens. Chegamos a Venezuela de mãos vazias".
Em 2002, Gelvez entrou na República Bolivariana da Venezuela com seus dois filhos, hoje com 35 e 30 anos de idade. O mais velho possui um transtorno cognitivo leve e o segundo tem uma deficiência mental grave. Desde que chegaram, a solicitante de refúgio, hoje com 66 anos, e sua família vivem em um barraco de lata em Samaria, na periferia de Guasdualito, no Estado de Apure.
"Pensei que fosse impossível melhorar de vida num país novo, um filho deficiente e sem emprego", disse ela, ressaltando alguns dos desafios em sua busca por um lugar seguro para viver. "Sempre sonhei com uma casa melhor e mais segura para meus filhos."
Apesar das dificuldades, Gelvez participa de um programa de microcrédito. Ela cria galinhas e patos como fonte de renda, participa ativamente da comunidade e está incluída em um programa que estimula a integração local de refugiados e solicitantes de refúgio.

Os projetos são organizados pelo ACNUR, Cáritas, pela Secretária de Cultura do estado de Apure e pelo programa do governo venezuelano chamado Bario Adentro, que trabalha com refugiados idosos e cidadãos venezuelanos na área de Guasdualito. O programa inclui atividades culturais e esportivas, assim como atendimento médico semanal.
Além disso, Gelvez participa de outros projetos na comunidade financiados pelo ACNUR e pelo Conselho da Comunidade, em Samaria, para promover direitos humanos e integração local dos refugiados e solicitantes de refúgio. O ACNUR registrou no programa aproximadamente 400 refugiados e 4.300 solicitantes de refúgio no Estado de Apure, todos vindos da Colômbia.
O Conselho da Comunidade em Samaria incluiu Gelvez e seus familiares como beneficiários do projeto habitacional estatal Rancho por Casa, na qual moradores da comunidade constroem uma casa para aqueles que vivem em situação de pobreza. Gelvez ajudou preparando as refeições dos trabalhadores envolvidos na construção e na pintura não somente da sua casa, mas dos vizinhos que também receberam suas casas por meio do programa.
A história de Gelvez mostra o que pode ser conquistado por projetos do ACNUR em parceria com instituições locais, voltados para comunidades carentes. Mostra também o compromisso do governo da Venezuela com os direitos dos refugiados e com políticas públicas para a população que buscou segurança no país.
A vida de Gelvez ganhou um novo colorido e as esperanças foram renovadas. Depois de um dia de festas com amigos, vizinhos e representantes de sua nova comunidade, a colombiana e seus filhos passaram a primeira noite em sua nova casa, o lugar seguro que buscavam.
Marcela Rodriguez-Farrelly, Chefe do escritório de campo do ACNUR em Guasdualito, Venezuela

Por: ACNUR

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