Celina Gelvez comemorou o recebimento de sua nova casa com uma
festa para os amigos refugiados, vizinhos, oficiais do governo venzuelano e
funcionários do ACNUR. O pároco da Catedral de Guasdualito abençoou a casa de
três quartos, recebida do governo do país. Vinte anos depois de ter sido
obrigada a abandonar sua casa na Colômbia, o sonho de ter uma casa se realizou
para Celina.
Ela nasceu
em San Ignacio, no departamento colombiano de Cesar. Passou uma década
deslocada dentro do seu próprio país, tendo que se mudar várias vezes para não
ficar na rota dos grupos armados.
“A situação
ficou insuportável, eu não tinha mais escolha senão pegar meus filhos e deixar
nosso país", disse. "Saímos da nossa casa deixando para trás todos os
nossos bens. Chegamos a Venezuela de mãos vazias".
Em 2002,
Gelvez entrou na República Bolivariana da Venezuela com seus dois filhos, hoje
com 35 e 30 anos de idade. O mais velho possui um transtorno cognitivo leve e o
segundo tem uma deficiência mental grave. Desde que chegaram, a solicitante de
refúgio, hoje com 66 anos, e sua família vivem em um barraco de lata em
Samaria, na periferia de Guasdualito, no Estado de Apure.
"Pensei
que fosse impossível melhorar de vida num país novo, um filho deficiente e sem
emprego", disse ela, ressaltando alguns dos desafios em sua busca por um
lugar seguro para viver. "Sempre sonhei com uma casa melhor e mais segura
para meus filhos."
Apesar das
dificuldades, Gelvez participa de um programa de microcrédito. Ela cria
galinhas e patos como fonte de renda, participa ativamente da comunidade e está
incluída em um programa que estimula a integração local de refugiados e
solicitantes de refúgio.
Os projetos
são organizados pelo ACNUR, Cáritas, pela Secretária de Cultura do estado de
Apure e pelo programa do governo venezuelano chamado Bario Adentro, que trabalha com
refugiados idosos e cidadãos venezuelanos na área de Guasdualito. O programa
inclui atividades culturais e esportivas, assim como atendimento médico
semanal.
Além disso,
Gelvez participa de outros projetos na comunidade financiados pelo ACNUR e pelo
Conselho da Comunidade, em Samaria, para promover direitos humanos e integração
local dos refugiados e solicitantes de refúgio. O ACNUR registrou no programa
aproximadamente 400 refugiados e 4.300 solicitantes de refúgio no Estado de
Apure, todos vindos da Colômbia.
O Conselho
da Comunidade em Samaria incluiu Gelvez e seus familiares como beneficiários do
projeto habitacional estatal Rancho
por Casa, na qual moradores
da comunidade constroem uma casa para aqueles que vivem em situação de pobreza.
Gelvez ajudou preparando as refeições dos trabalhadores envolvidos na
construção e na pintura não somente da sua casa, mas dos vizinhos que também
receberam suas casas por meio do programa.
A história
de Gelvez mostra o que pode ser conquistado por projetos do ACNUR em parceria
com instituições locais, voltados para comunidades carentes. Mostra também o
compromisso do governo da Venezuela com os direitos dos refugiados e com
políticas públicas para a população que buscou segurança no país.
A vida de
Gelvez ganhou um novo colorido e as esperanças foram renovadas. Depois de um
dia de festas com amigos, vizinhos e representantes de sua nova comunidade, a
colombiana e seus filhos passaram a primeira noite em sua nova casa, o lugar
seguro que buscavam.
Marcela
Rodriguez-Farrelly, Chefe do escritório de campo do ACNUR em Guasdualito,
Venezuela
Por: ACNUR
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