sábado, 4 de agosto de 2012

Braços jovens para a velha Europa


Parece um absurdo, e no entanto o Parlamento europeu calcula que em 2050 serão necessários mais de cinquenta e seis milhões de imigrantes em idade de trabalho, para suprir à progressiva diminuição da mão-de-obra nos países do velho continente. E trata-se de uma perspectiva considerada tão realista a ponto de influenciar as políticas migratórias comunitárias. Com efeito, depois das restrições mais ou menos severas às entradas de extracomunitários nos paíseseuropeus, que caracterizaram os últimos vinte anos, vai-se gradualmente afirmando a tendência a facilitar o acesso a pessoas qualificadas, ou aos chamados «circulares», ou seja, a quantos não têm o país de chegada como meta final. Pois bem, deixando de lado a questão, embora gravíssima, do desemprego que atinge as populações do velho continente, é necessário reconhecer o fenómeno novo relativo à questão migratória, da avaliação diversa que se faz a respeito dos emigrantes e do valor adjunto que eles podem representar como factor de desenvolvimento para uma nação.
Desde sempre a Igreja, e não por acaso, continua a pôr em evidência – naturalmente além das questões éticas, ligadas ao acolhimento e à solidariedade humana – o grande valor que representam os emigrantes, precisamente pela sua contribuição para o mundo do trabalho nos países onde chegam. Desmentida a acusação da subtracção de trabalho aos residentes – com efeito, os emigrantes desempenham com frequência tarefas rejeitadas ou consideradas degradantes – manifestou-se pouco a pouco a da falta de qualificação profissional. E agora as previsões falam de necessidades futuras de pessoas especializadas, sobretudo tendo em consideração a diminuição demográfica que na Europa não tende a aumentar.
Portanto, não era vão o apelo contínuo da Igreja  a considerar os movimentos migratórios numa perspectiva positiva, sobretudo como factor de enriquecimento recíproco entre os povos. Sublinhou isto o scalabriniano Gabriele Bentoglio, subsecretário do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, quando nos dias passados interveio no curso de formação «Linhas de pastoral migratória», promovido pela fundação Migrantes da Conferência episcopal italiana. O religioso salientou precisamente os apelos constantes da Igreja neste sentido, referindo-se em particular à instrução Erga migrantes caritas Christi, propondo uma sua releitura actual e à luz dos ensinamentos de Bento XVI. Os seus ouvintes foram os directores das Migrantes regionais e diocesanas, e os seus colaboradores, os capelães étnicos que desempenham o próprio ministério nas várias dioceses italianas, religiosos, religiosas, leigos comprometidos no voluntariado, missionários para os italianos no estrangeiro, seminaristas e juniores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário