Um artigo publicado no último domingo (6) pelo
espanhol El País classificou a atual forma do governo britânico lidar com os
estudantes estrangeiros como estúpida, incoerente, contraproducente, entre
outras coisas. O artigo assinado pelo professor Timothy Garton Ash, da
Universidade de Oxford, diz ver possível ver diariamente nas universidades
britânicas o que ele chama de ‘burocracia insolente que trata todos como
suspeitos’.
De
acordo com o artigo do El País, essa situação teve início em janeiro de 2010
quando, como aponta o jornal, o então líder da oposição, David Cameron, fez uma
proposta eleitoral que o jornal classifica como ‘irresponsável’. A proposta
seria uma promessa de reduzir a imigração líquida de ‘centenas de milhares’
para ‘dezenas de milhares’. Para Timothy Ash, seria um sinal de prudência ter
ao menos o trabalho de distinguir os diversos tipos de imigrantes e, em
particular, separar os estudantes dos demais.
O
artigo diz que, se o primeiro-ministro Cameron pretende prosseguir com seu
objetivo de reduzir os imigrantes a ‘dezenas de milhares’ antes das próximas
eleições que ocorrem em maio de 2015, terá que organizar o que Ash chama de
‘massacre de estudantes estrangeiros’. A não ser que, como o artigo indica, Cameron
ouça seu próprio secretário de Universidades e reconheça que os estudantes são
um caso a parte.
O
El País diz também que existe, de fato, um problema sério com a entrada
de falsos alunos, mas tratar isso como prioridade distrai o governo do objetivo
principal. Ash avalia que, mesmo se toda a fraude nos vistos de estudantes
fosse extinta, o governo precisaria decidir se está ou não disposto a acolher
de 100 a 300 mil estudantes legítimos por ano. O professor avalia que a questão
deve ser analisada dentro de suas próprias complexidades, sem ser colocada no
que ele chama de ‘saco demagógico com a etiqueta de imigração’.
O
artigo aponta que em 2008, o Reino Unido teve o segundo maior grupo de
estudantes no grupo da OCDE, justificado pelo fato de ter as melhores
universidades da Europa, além de boa escolas de línguas e ter o inglês como
língua oficial.
Um
estudo feito em 2013 pelo Departamento de Negócios, Inovação e Talento –
responsável pela educação superior – teria constatado que 84% das pessoas que
estudaram no Reino Unido mantiveram seus laços e 90% dos ex-estudantes
afirmaram ter melhorado a imagem que tinham do país após a experiência. O
professor questiona quais seriam as conseqüências se pessoas como Bill Clinton,
Benazir Bhutto, Aung San Suu Kyi e Manmohan Singh, que estudaram em Oxford,
tivessem recebido o péssimo tratamento que está sendo dispensado atualmente aos
estudantes estrangeiros.
Jornal do Brasil
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