O Papa Francisco realizou nesta segunda-feira sua
primeira visita em território italiano. Ele foi a Lampedusa: uma ilha que faz
fronteira entre a África e a Itália. A ideia de visitar a ilha nasceu por causa
dos contínuos desembarques e naufrágios de imigrantes,
sobretudo provenientes da África.
O ponto alto da visita
do Papa Francisco a Lampedusa foi a celebração
Eucarística, no campo esportivo de Arena.
Em sua homilia, o Papa afirmou: “os imigrados mortos no mar eram trazidos por
embarcações, que ao invés de serem meios de esperança os conduziram à morte”!
Ao saber destas notícias, que se repetiram numerosas vezes, disse o Papa, “meu
coração ficou transpassado, como por um espinho, causando-me tanto sofrimento”.
Eis porque – disse o Papa Francisco – “decidi fazer esta visita aqui, para
rezar e realizar um gesto de solidariedade, a fim de despertar as consciências
para que tais tragédias não se repitam mais”.
Partindo da Liturgia do
dia, o Papa propôs algumas reflexões para mover a consciência de todos e levar
a tomar atitudes concretas para uma mudança radical da realidade.
“Muitos de nós, eu
inclusive, somos desorientados, não damos mais atenção ao mundo em que vivemos,
não temos cuidado com ele, não zelamos por aquilo que Deus criou para todos e não
somos mais capazes nem de cuidar uns dos outros. Quando esta desorientação
assume dimensões grandes como o mundo, acontecemtragédias como aquelas que assistimos”.
O Papa destacou que
muitos dos nossos irmãos e irmãs procuravam e procuram fugir de situações
difíceis, para encontrar um pouco de serenidade e de paz; buscam um lugar
melhor para si e suas famílias; mas, quantas vezes não encontram compreensão, acolhida, solidariedade.
“Hoje, ninguém se sente
responsável por isso; perdemos o sentido da responsabilidade fraterna; repetimos a atitude
hipócrita do sacerdote e do servidor do altar, da qual Jesus fala na parábola
do Bom Samaritano: olhamos o irmão meio morto à margem da estrada e, talvez,
dizemos “coitadinho”, e continuamos a caminhar, pensando: “Esta tarefa não é
minha”... e vivemos tranqüilos.”
A cultura do bem-estar –
afirmou o Papa –, nos leva a pensar só em nós mesmos,
nos torna insensíveis ao grito de socorro dos outros, nos tornam como bolhas de
sabão e nos deixam na indiferença, na ilusão. Estamos acostumados a ver os
outros sofrerem.
“Somos uma sociedade que
não sabe mais chorar. Eis a globalização da indiferença”, afirmou Francisco.
No final o Papa rezou: “peçamos ao Senhor a graça de
chorar pela nossa indiferença, pela crueldade que reina no mundo, em nós e
também naqueles que tomam decisões socioeconômicas, que abrem a estrada para
dramas como estes. Peçamos perdão pela indiferença com tantos irmãos e irmãs;
perdão pelos acomodados, fechados em seus corações anestesiados; perdão por
aqueles que, por causa das suas decisões, em nível mundial, criaram situações
que se concluem com estes dramas”.
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