A polícia encontra
dificuldades para competir com organizações criminosas internacionais, que
arrecadam US$ 870 bilhões por ano, com atividades como o comércio de
drogas, o tráfico de pessoas e o roubo de identidade, declarou nesta
quarta-feira à AFP Yury Fedotov, chefe do escritório da ONU para as Drogas e o
Crime. Se as organizações criminosas fossem classificadas como uma indústria,
estariam incluídas entre os agentes econômicos mais importantes do mundo.
Os cortes de gastos
promovidos em função da crise econômica aumentaram o antigo abismo financeiro
que existe entre as organizações criminosas e aqueles que as combatem, explicou
Fedotov. "As quadrilhas são mais bem financiadas do que qualquer instituição
policial. Isso está claro, especialmente se compararmos a alta receita ilícita
com os orçamentos limitados de muitas instituições legais", afirmou o alto
representante da ONU.
Porém, o financiamento é
apenas parte do problema, explica Fedotov, já que a polícia luta para se
adaptar à dinâmica das redes criminosas, que mudam constantemente e se movem
mais rápido do que as tradicionais máfias do passado. "O crime organizado
contemporâneo também é sofisticado e se adapta com facilidade. Deveríamos,
então, ser mais flexíveis e não só seguir o fluxo, mas também atuar na
prevenção e antecipação das ações do crime organizado", acrescenta
Fedotov.
Os crimes virtuais, por
sua vez, crescem consideravelmente, já que cerca de um terço da população
mundial tem acesso à internet. Apenas as receitas anuais do roubo de identidade
online são estimadas em US$ 1 bilhão, enquanto US$ 20 bilhões são gerados pelo
tráfico de espécies ameaçadas de extinção.
Em relação ao tráfico de
entorpecentes, entretanto, as preocupações se concentram no aumento do número
de drogas sintéticas. Fedotov também se diz preocupado com o aumento do tráfico
nas conturbadas regiões do Sahel e da África Ocidental - notavelmente na
Guiné-Bissau -, que o representante da ONU chama de "elo mais fraco".
Nenhum comentário:
Postar um comentário