A entrada de mais de 1 milhão de imigrantes estrangeiros na Alemanha no último
ano o maior número desde 1995 não será suficiente para suprir o déficit
de mão de obra qualificada do país. De acordo com um estudo da Fundação
Bertelsmann, instituto privado de pesquisa alemão, divulgado nesta semana, o
número recorde de trabalhadores – segundo a Agência Federal de Estatísticas –
em busca de emprego no país, potencializado pela crise econômica em outros
países da zona do euro, precisará ser complementado por profissionais
qualificados de fora da União Europeia nos próximos anos.
- O boom recente de imigrantes é bom para o país, mas a Alemanha precisará reorganizar estratégias da
política de imigração para atrair a longo prazo mais profissionais de outros
países, como China e Índia – diz Ulrich Kober, diretor da fundação em entrevista
à agência britânica de notícias BBC.
Há vagas
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica de Colônia, há
70 mil vagas para engenheiros em aberto na Alemanha ou 210 mil quando
contabilizadas vagas para profissionais de matemática, especialistas de
tecnologia da informação e cientistas.
- São profissionais extremamente qualificados para vagas
específicas em demanda na indústria. Mas quando falamos de diplomas em outras
áreas, como setor de serviços ou advogados, por exemplo, essa necessidade hoje
é menor – explica Oliver Koppel, economista do Instituto.
O fluxo de migração vindo de países como Espanha, Portugal e
Itália alivia o problema, mas o encolhimento da população adulta da Alemanha
aumentará, nas próximas décadas, a demanda por mão de obra qualificada, segundo
especialistas.
- Com os atuais índices de natalidade e crescimento
populacional, estamos falando de cerca de 5,5 milhões de adultos a menos em dez
anos, total que não será suprido nem com a mão de obra doméstica, nem com a
imigração europeia – diz Koppel.
Exportadores de talento
- A China e a Índia, que são tradicionais exportadores de
talento, poderão cumprir papel ainda mais importante no fornecimento de
engenheiros e profissionais de TI – diz Stefan Sievert, pesquisador do
Instituto Berlim, especializado em pesquisas de População e Desenvolvimento.
Cerca de 10 mil chineses estudam anualmente na Alemanha e pelo
menos metade permanece no país para trabalhar, segundo o headhunter Tobias
Busch, especializado em recrutar profissionais qualificados chineses para o
mercado de trabalho alemão. “A China certamente tem potencial para fornecer
mais trabalhadores com diploma para áreas de mecatrônica, energia e elétrica
para indústrias alemãs”, diz Sievert.
O estudo da Bertelsmann aponta que as restrições da política de
imigração da Alemanha na última década dificultam a vinda de pessoas de países
não-europeus, contabilizando apenas 17 mil profissionais qualificados de fora
da UE em 2011, de um total de 300 mil estrangeiros.
Para a fundação, facilitar procedimentos para conseguir a
cidadania alemã, garantir proteção contra discriminação e oferecer programas de
aprendizado da língua alemã são algumas das recomendações que seriam decisivas
nesse processo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário