sexta-feira, 28 de junho de 2013

Brasil: o desafio da atratividade profissional

Como todos sabem, o Brasil tem um excelente potencial de desenvolvimento econômico devido a uma série de fatores, que passam desde abundância de recursos naturais aos eventos esportivos que ocorrerão no país neste e no próximo ano.
Porém, para que o Brasil possa de fato se consolidar como uma economia de peso no cenário global, é imprescindível que o país faça algumas tarefas básicas para colher frutos e alcançar uma posição de destaque.
Neste sentido, salienta-se muito a necessidade de investimentos em infraestrutura, como estradas e portos, aumento da efetividade da segurança pública com a consequente redução da criminalidade, criação de empregos formais, dentre tantos outros fatores.
Desde o final de 2012, todavia, o governo tem se mostrado atento a um ingrediente adicional para o desenvolvimento do país: a competitividade e a atração de cérebros de outros países que possam impulsioná-la. 
Com efeito, o governo brasileiro se deu conta de que há poucos imigrantes no país se comparados com a totalidade da população brasileira. No Brasil, o número de imigrantes equivale a cerca de 0,3% da população, quantidade muito inferior à média de imigrantes residentes na América do Norte, algo próximo a 14,2%, e Europa, 9,5%.
Por outro lado, na sua trilha de evolução, o Brasil tornou-se alvo de investimentos e as empresas multinacionais, aos poucos, estabeleceram-se por aqui. A chegada destas companhias trouxe também a necessidade de expatriar profissionais que multipliquem o conhecimento e favoreçam a troca de experiências.
O baixo número de trabalhadores estrangeiros no Brasil e o intenso movimento de imigração levaram a uma atual preocupação do governo com a necessidade de facilitar a entrada e diminuir eventuais residências contra estrangeiros no país.
Este cenário de preocupação com a atratividade do Brasil perante talentos estrangeiros, tem acelerado mudanças na legislação nacional que trata da matéria imigração, com foco especial na redução de documentos exigidos de um estrangeiro para transferir-se para o Brasil e melhoria dos trâmites envolvidos na concessão de vistos.
Para tanto, o Conselho Nacional de Imigração, em parceria com empresas privadas, desde o final de 2012, tem trabalhado ativamente para alcançar este objetivo. O desafio é transformar o Brasil em um polo cada vez mais atrativo para profissionais de todo o mundo.
Com este objetivo em mira, o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) tem promovido importantes mudanças na regras de imigração para o país. Entre as principais mudanças estão as duas Resoluções Normativas publicadas em Maio deste ano, a RN 103/2013 e a RN 104/2013.
A RN 103/2013 permitiu a concessão de um visto temporário ao estrangeiro que queira trabalhar no Brasil durante o período de férias letivas no país de origem, para os estudantes dos cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado. A emissão do visto é feita mediante comprovação de matrícula em instituição de ensino no exterior e tem validade por até 90 dias.
Já a RN 104/2013 permitiu à empresa brasileira que contrata um funcionário estrangeiro como seu funcionário o prazo de até 30 dias para registrá-lo como empregado depois que chegar ao Brasil com o visto temporário com base em contrato de trabalho. Isso é importante pois abre um espaço de tempo para que o estrangeiro consiga obter documentos brasileiros, como o RNE (cédula de identidade para estrangeiros), CPF/MF e CTPS antes de ser admitido. Pelas regras antigas o profissional deveria ser registrado logo que chegasse ao Brasil, porém, a liberação destes documentos inviabilizava este registro.
Outras Resoluções Normativas beneficiaram os estrangeiros e facilitaram o ingresso destes profissionais no mercado de trabalho. A Resolução Normativa 100/2013, por exemplo, permitiu que o Consulado do Brasil no exterior conceda visto de trabalho ao estrangeiro que pretenda trabalhar no País, desde que o trabalhador se comprometa a transferir tecnologia e conhecimento ou para prestação de serviços de assistência técnica. Contudo, o expatriado não tem vínculo de emprego com nenhuma empresa estabelecida no País.
Estas são algumas das mudanças já concluídas até este momento. Contudo, permanece ainda um esforço conjunto do governo e das empresas para tornar o país mais aberto à imigração.
Muitas mudanças ainda estão por vir e as expectativas são ótimas. Acredito que, do ponto de vista imigração, estamos no caminho certo e com todas estas inovações e outras que provavelmente virão, atingiremos a marca estimada por pesquisadores, de seis milhões de imigrantes. Quem tem a lucrar? As gerações futuras, que terão um mercado de trabalho mais competitivo e tecnológico e, sem dúvida, nossa economia, que se fortalecerá e crescerá com o aumento do consumo, da renda e dos serviços em geral.
Guilherme Dias é sócio da EMDOC, consultoria especializada em serviços de mobilidade global


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