sábado, 29 de junho de 2013

E os nossos emigrantes, o que reivindicam ?

Já houve, em diversas cidades estrangeiras, manifestações convocadas por emigrantes brasileiros. Outras estão convocadas para os próximos dias. Porém, até agora, tais manifestações têm se limitado a copiar os mesmos slogans, temas e reivindicações utilizados nos protestos nas cidades brasileiras, sem ter havido uma adaptação aos anseios dos emigrantes.
Movimento de vanguarda, laico, que luta pelos emigrantes e por seus direitos sociais, o Estado do Emigrante – que denunciou a farsa do CRBE e denuncia a tutela dos emigrantes pelos diplomatas – marca mais uma vez sua diferença.
Diante da intenção da presidenta Dilma de convocar, na terça-feira, um plebiscito, nosso movimento lhe envia uma cópia de nossas reivindicações, para que a presidenta Dilma tenha também em suas mãos as demandas exclusivas dos emigrantes, a fim de que sejam pautadas e consideradas nas almejadas reformas políticas.
Os emigrantes só são chamados às urnas nas eleições presidenciais. Porém, desta vez, queremos que haja uma exceção com ampliação desse direito, para que os eleitores emigrantes possam participar do plebiscito junto com a população brasileira.
E quais são as reivindicações dos emigrantes ? Uma consulta à Ata Codificada das três Conferências Brasileiros no Mundo, disponível na Internet no Portal Consular – Brasileiros no Mundo, mostrará serem numerosas.
Porém, as duas principais ali não se encontram e merecem aqui um destaque principal :
– Os emigrantes querem sua emancipação política para que possam, representados junto ao governo, participar da política brasileira de emigração. Atualmente e sem justificativa, a gestão da emigração está entregue ao Itamaraty, através de uma Subsecretaria das Comunidades Brasileiras, dirigida e composta apenas de diplomatas.
- Os emigrantes querem o fim dessa tutela exercida pelo MRE e Itamaraty com a criação de um órgão institucional emigrante, uma Secretaria de Estado dos Emigrantes ou das Comunidades Brasileiras, dirigida por emigrante, agindo em igualdade de posição com os outros ministérios, na aplicação de uma política brasileira de emigração que reconheça a diferença existente entre diplomatas e emigrantes e a necessidade da emancipação política dos emigrantes.
- Essa política para ser completa precisa reconhecer a necessidade dos emigrantes serem representados em Brasília por parlamentares emigrantes eleitos por emigrantes. Uma PEC criando novas circunscrições eleitorais e estabelecendo o número ideal de parlamentares deverá ser proposta, depois de avaliados o número de emigrantes e regiões do mundo onde vivam em maior número.
- Os eleitores emigrantes brasileiros preferem justificar ausência e outros não transferem seus títulos por residirem longe de Consulados, a fim de evitarem despesas de transporte a cada eleição. Para solucionar esse problema que impede maior participação eleitoral, deverá ser criado o voto por correspondência ou por Internet para os emigrantes, a exemplo do que fazem outros países, como a Suíça.
- As Conferências Brasileiros no Mundo não podem, como cogita o Itamaraty, serem restritas apenas a representantes dos Conselhos de Cidadania, mas serem Fóruns de debates dos temas emigrantes abertos a todos os representantes de associações, movimentos e grupos emigrantes. E devem ser convocadas e organizadas pela Secretaria dos Emigrantes ou das Comunidades Brasileiras para serem realizadas em parceria com todos os ministérios ligados de alguma forma à emigração, como Ministério das Relações Exteriores, do Trabalho e Previdência, da Educação e Cultura, da Saúde, etc e órgãos como o Conselho Nacional de Imigração.
- Diante do fracasso do Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior, deve ser abandonado esse formato representativo. Em seu lugar, os emigrantes terão a Secretaria de Estado dos Emigrantes ou das Comunidades Brasileiras, junto ao governo, mais os parlamentares emigrantes eleitos pelos emigrantes. A Conferência Brasileiros no Mundo deverá eleger uma direção e uma dezena de membros para representarem os emigrantes junto à Secretaria de Estado e junto aos parlamentares emigrantes.
- Os Conselhos de Cidadania, órgão de representação local, não poderão ser presididos nem dirigidos por diplomatas mas pelos próprios emigrantes eleitos. Os Consulados ou Embaixadas locais disponibilizarão a sala para reuniões e um diplomata participará apenas como observador para servir de elo, no caso de pedido de informações ou pedido de apoio ao Consulado ou Embaixada local.
- Os atos e documentos registrados nos Consulados (que são verdadeiros Cartórios de Paz e de Documentos) serão reconhecidos no Brasil e não precisarão mais ser transcritos nos cartórios brasileiros.
- Os Consulados deverão ter funcionários suficientes para se desestimular o fenômeno atual da terceirização dos serviços consulares por empresas paralelas de despachantes, que encarecem os serviços para os emigrantes.
Essas as nossas reivindicações e nossos cartazes que passam a circular agora pela Internet e pela mídia alternativa em Paris, Zurique, Nova Iorque, Assunção, Tóquio, Roma, Berlim, Lisboa e tantas outras cidades com importante presença de emigrantes brasileiros.


Rui Martins, jornalista, escritor, líder emigrante, correspondente em Genebra.


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