sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Tráfico de pessoas: experts europeus auxiliam na cooperação Brasil/Argentina


Especialistas convocados pelo Centro de Desenvolvimento de Políticas Migratórias (ICMPD), instituição da Comunidade Européia, estiveram em missão no Brasil e na Argentina para identificar pontos de aprimoraramento  na metodologia de coleta de dados de tráfico de pessoas nos dois países, uma ação no âmbito do Projeto Mieux – Migration EU expertise. O Blog da Justiça conversou com Julien Frey (foto, ao centro), oficial de projetos do ICMPD sobre as impressões que teve do Brasil e da Argentina, no que se refere a Política de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
A partir dessa visita, como será feito o trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas a ser desenvolvido em cooperação?
Estamos encarregados de implementar um projeto da União Européia para trazer funcionários para parceria com estados de fora da UE para desenvolver a política deles em todos os âmbitos. A solicitação do Brasil e Argentina foi para desenhar uma metodologia compartilhada e harmonizada de coleta de dados dos dois países de tráfico de pessoas que poderá ser replicada em nível de Mercosul.
Quais as principais semelhanças e diferenças entre Brasil e Argentina no que se refere a estratégia de enfrentamento ao tráfico de pessoas?
Tem muitas diferenças, nossa primeira avaliação é clara. Na Argentina o marco legal de tráfico de pessoas é mais perto do standard internacional, aqui no Brasil apenas o tráfico para fins de exploração sexual é considerado criminalmente como tráfico de pessoas. Na Argentina, o crime é sempre federal, aqui apenas o tráfico de pessoas internacional é federal, o tráfico interno é analisado pelo juiz do estado. Na Argentina é mais fácil coletar os dados, pois só o nível federal está envolvido, mas eles têm problemas de recursos. Aqui tem uma vontade política muito forte e tem orçamento para desenvolver e lidar com problemas estruturais. Vamos realizar duas reuniões bilaterais com apoio dos europeus para discutir concretamente.
Como vocês avaliam o trabalho desenvolvido pelo Brasil?
É bastante impressionante. A situação não é ótima, mas os objetivos e a vontade política que se vê é muito impressionante. O sistema que o Brasil pretende implementar é seguramente melhor que o sistema na maioria dos países europeus. Se conseguir atingir os objetivos que quer implementar, será muito bom.
Brasil e Argentina vão desenvolver um protocolo de atendimento às vítimas em comum pelo projeto Mieux?
Esse é o objetivo final, mas ainda não sabemos que tipos de dados podem ser trocados, pois na Argentina temos algumas limitações legais sobre dados a serem trocados com terceiros. O Brasil não tem tantas limitações.Temos que analisar o problema em vários níveis.
Como se dá o tráfico de pessoas na Argentina? Lá o problema maior também é a exploração sexual?
Lá é mais um país de destino, tem alguns casos de argentinos traficados para exploração sexual no exterior, mas não é muito comum. A maioria dos casos é exploração laboral de bolivianos, paraguaios e brasileiros no trabalho no campo, nas fincas. O Brasil trata mais de exploração sexual interna e internacional.
O projeto Mieux prevê o aporte de recursos para esses países?
É puramente assistência técnica, apoiamos com os experts e com a logística das reuniões e também para enviar argentinos para o Brasil e vice-versa.

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