Migrações ocasionadas pelo clima não são eventos recentes. Entre
22 mil e 10 mil anos atrás, populações humanas abandonaram Europa Setentrional,
Ásia e América do Norte por causa da última Era Glacial. Assim como o
aquecimento, há 52 mil anos, provocou a colonização da Europa por migrantes
vindos do Oriente Médio.
Mais recentemente, 10 milhões de pessoas migraram dentro da África
pelos efeitos da desertificação e da degradação ambiental, e a elevação do
nível do mar afeta populações inteiras em ilhas e terras baixas. Mas estes
fenômenos migratórios de hoje têm diferenças em relação aqueles do passado: são
de curta distância, não-internacionais e cíclicos, sugerem pesquisas recentes.
Novos estudos acrescentaram importantes nuances à compreensão das
conexões potenciais entre mudança do clima e migração humana. Estudos
anteriores nas duas décadas passadas confiaram em grande parte em dados descritivos
e premissas simplistas, e falavam em coisas alarmistas como estimativas de
“refugiados do clima” de 150 milhões a 1 bilhão de pessoas. Estes cenários
mascaram diversas questões cruciais a serem consideradas na adoção de políticas
de resposta adequadas.
Os padrões da mudança climática, por exemplo, raramente se
encontram sozinhos como fator que leva à migracão. A falta de chuvas pode
interagir com a pobreza persistente e a degradação de terras. Além disso, em
muitas regiões a incapacidade das mulheres de limitarem os tamanhos de suas
famílias, por falta de políticas públicas, resulta em pressões insustentáveis
sobre os recursos locais e naturais.
A migração tem custos sociais e financeiros. As pessoas tendem a
se apegar a seus locais, suas culturas e seus modos de vida, e assim é provável
que busquem nas migrações um lugar perto de casa e mantenham seus padrões até
onde for possível.
As pesquisas sugerem que quando ocorrem movimentos relacionados ao
clima, grande parte deles acontece em curta distância e dentro de fronteiras
nacionais. E os movimentos tendem a ser cíclicos, e não permanentes.
Estas migrações podem potencialmente ocorrer na África, onde mais
de metade dos residentes urbanos se encontra em cidades em zonas áridas
vulneráveis à escassez de água e com falta de infraestrutura e recursos
necessários para aumentar a resiliência e diminuir a movimentação populacional.
No caso dos Estados Unidos, 20 milhões de pessoas, principalmente em áreas
costeiras, serão afetadas pela elevação do nível do mar até 2030.
Pesquisas focadas na
vulnerabilidade urbana na África, Ásia e América do Sul, diz oWorldwatch
Institute, estimam as populações em duas zonas que deverão
experimentar impactos sérios da mudança do clima: zonas costeiras baixas, que
são vulneráveis a enchentes e doenças associadas (tais como cólarea e diarréia)
e áreas secas áridas, onde os residentes urbanos não estão adequadamente
servidos por sistemas de distribuição, mesmo com água abundante.
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