A Igreja Católica e o Governo português querem
potenciar ao máximo a integração dos emigrantes nacionais no estrangeiro,
considerados como fundamentais para a revitalização financeira do país.
Esta
decisão foi anunciada no final de um encontro de agentes socioculturais que
trabalham nas comunidades portuguesas, dentro e fora da Europa, e que decorreu
entre sexta-feira e domingo, em Fátima.
A
Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, a Obra Católica Portuguesa de
Migrações (OCPM) e a Cáritas, organizadoras do evento, consideram que "a
diáspora deveria ser mais utilizada na promoção de Portugal do ponto de vista
económico", uma vez que pode "abrir portas a um investimento em novos
mercados".
No
entanto, acrescentam, para que isso aconteça é preciso assegurar primeiro a
adequada "integração" dos emigrantes lusos, sobretudo através da
colaboração com as comunidades portuguesas que já estão radicadas há mais tempo
nos países de destino.
O
"trabalho local desenvolvido pelas associações culturais deve ser
privilegiado", pela capacidade que têm de "responder às necessidades
dos emigrantes portugueses", sublinha o documento conclusivo do evento.
Os
promotores do encontro recordam que desde "o final do ano passado"
saíram de Portugal "cerca de 150 mil portugueses", muitos deles com
"falta de conhecimentos" e de "preparação" para enfrentarem
os obstáculos que encontraram nos países de destino, quer em termos da busca de
"oportunidades de trabalho" quer na "adaptação" a uma nova
língua e a diferentes "culturas e hábitos sociais".
Neste
contexto, o "movimento associativo" pode funcionar como primeira
"rede de integração", desde que lhe seja dado "um novo
enquadramento que melhore o seu funcionamento" e permita "ultrapassar
dificuldades não apenas financeiras mas também legais e de articulação com as
estruturas e governos locais".
Para
favorecer esse desenvolvimento, as organizações da Igreja e do Estado que lidam
mais de perto com a questão da emigração propõem a construção de uma
"plataforma de promotores socioculturais das comunidades
portuguesas".
Uma
entidade que teria como missão "abrir portas para novas formas de
cooperação" dentro desta área e que, numa primeira fase, seria coordenada
por responsáveis portugueses radicados na "Argentina, Brasil, Estados
Unidos da América, Holanda, Suíça e Venezuela", em conjunto com a
Associação Mulher Migrante e a OCPM.
Sugerem
ainda o lançamento de uma "rede de partilha de informação e de
experiências entre as comunidades emigrantes" através da internet e das
redes sociais, a partir "da criação de um blogue e da dinamização de um
grupo fechado no facebook".
A
mensagem final do encontro de Fátima, que contou ainda com a participação de
representantes portugueses da "África do Sul, Alemanha, Andorra, Bélgica,
Canadá, França, Inglaterra, Luxemburgo e Macau", chama também a atenção
para "o isolamento e a solidão" a que estão sujeitos os emigrantes
mais velhos.
JCP
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