quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Chegada de imigrante eleva o PIB


Estudo indica que entrada líquida de 1 milhão de estrangeiros no País possibilitaria ampliação do PIB potencial em 0,5 ponto porcentual  


A economia tem um novo obstáculo pela frente para voltar a crescer: a falta de mão de obra, provocada pelo menor aumento populacional, alertam economistas. A saída mais rápida para acelerar o crescimento, sem inflação, é importar trabalhadores de países desenvolvidos e até mesmo dos vizinhos, onde o desemprego é alto. O governo já sinalizou que quer facilitar o acesso ao Brasil de trabalhadores estrangeiros qualificados.
Um estudo feito pela LCA Consultores mostra que, se o Brasil conseguisse atrair por ano 1 milhão de trabalhadores estrangeiros, liquidamente, isto é, descontados os que deixam o País, seria possível ampliar em 0,5 ponto porcentual o Produto Interno Bruto (PIB) potencial. "O impacto seria praticamente instantâneo", diz o economista-chefe da consultoria e autor do estudo, Bráulio Borges. O PIB potencial é a capacidade de a economia ampliar a oferta de bens e serviços sem provocar inflação.
Para chegar a esse número, Borges avaliou como anda o PIB potencial, levando em conta apenas o estoque de capital disponível, que é o investimento acumulado ao longo dos anos. Concluiu que uma taxa de investimento próxima de 20% do PIB, que é que o Brasil tem hoje, seria suficiente para fazer a economia crescer 4,5% ao ano, considerando influência zero dos demais fatores de produção, como mão de obra e produtividade. "Então, por que o PIB potencial hoje é menor; está em 4%, na nossa conta, e 3,5%, na projeção de outros agentes do mercado?"
Segundo o economista, o principal limitador do PIB potencial é a oferta de mão de obra, já que a taxa de crescimento da produtividade total da economia brasileira, na faixa de 1,5% ao ano, apesar de ser baixa, é uma questão que só pode ser resolvida no longo prazo, com políticas voltadas à inovação e pesquisa.
A escassez de mão de obra também é apontada como um obstáculo ao crescimento pelos economistas Fabio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, no livro intitulado Além da euforia, de autoria de ambos.
Giambiagi explica que, em 2011, as taxas de crescimento da População Economicamente Ativa (PEA), da População Ocupada (PO), da população com idade entre 15 e 64 anos cresceram num ritmo bem menor do que a média anual entre 2003 e 2010. Ele diz que a taxa de desemprego está perto do piso e talvez possa cair um pouco mais. "Com o desemprego em torno de 5%, não há novos desempregados para serem absorvidos."
O economista ressalta que, no passado recente, o emprego não foi limitado pela PEA, por isso cresceu a taxas elevadas. Já nós próximos anos Giambiagi acredita que o emprego será limitado pela PEA, e esta vai crescer só 1% ao ano. Com a taxa de crescimento da PEA limitada a 1% e se a economia não tiver um salto de eficiência, o País terá problemas para crescer 4% ao ano.
As alternativas para tirar esse obstáculo do caminho são, na opinião de Borges e de Giambiagi, estimular a imigração e ampliar a produtividade, que leva mais tempo para ocorrer, observa o economista-chefe da LCA.
 Estadao

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