Um novo projeto da União Europeia está em marcha para prevenir
que o terrorismo, a imigração ilegal e o crime organizado se espalhe por dentro
do bloco, hoje formado por 27 países. Para fortalecer a vigilância das
fronteiras externas, o projeto Eurosur (Sistema de vigilância da fronteira
europeia) está agora em fase experimental e seu funcionamento pleno está
previsto para 2013.
"Eurosur é uma
iniciativa que começou há cinco anos com a ideia de trazer mais consciência
sobre o que está acontecendo entre nossas fronteiras e também desenvolver uma
melhor capacidade de reação para o controle destes limites na Europa",
explicou ao Terra o
diretor de construção de capacidade do Eurosur, Erik Berglund.
Reduzir o número de migrantes que entram na UE sem serem
identificados; detectar o tráfico de drogas e salvar vidas são os objetivos
principais do projeto enumera o diretor. "Milhares de pessoas se arriscam
tentando passar para a Europa e isso é inaceitável", ressalta Berglund.
Desde 2008, os funcionários da Agência Europeia de Gestão
da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas (Frontex) vem desenvolvendo o
embrião deste sistema de troca de informações entre os Estados membros da UE.
"Agora a proposta legislativa está sendo analisada pelo Conselho Europeu e
pelo Parlamento Europeu. Não está finalizada ainda, mas o texto convergente
provavelmente será decidido no início do ano que vem. O regulamento deve entrar
em vigor em 1º de outubro de 2013", detalha o diretor do projeto.
Enquanto isso, o Eurosur já funciona sobre uma base
voluntária, sem a obrigação legal. "Há redes de computadores instalados em
cada Estado que permitem este intercâmbio", afirma o executivo do Frontex.
"Os Estados que assinaram um memorando de entendimento podem trocar as
informações que desejarem", diz Erik. O programa conta atualmente com a
adesão de 13 países. Os primeiros foram Espanha, França, Itália, Finlândia,
Polônia e Eslováquia. Até o fim de 2013 deverá incluir todos os 18 Estados que
compõem a fronteira externa.
O foco atual são as fronteiras marítimas do sul e do leste
da Europa, e o objetivo é que se torne o "sistema dos sistemas", com
a criação de uma base de dados comum, comunicação 24 horas entre os Estados
membros, e uso de tecnologia de ponta para patrulhamento das fronteiras, que
inclui aviões, barcos e satélites.
Crises e conflitos
O projeto, segundo cálculos da Comissão Europeia, deve custar 338 milhões de euros aos cofres da UE entre 2011 e 2020, incluindo gastos com infra-estrutura, manutenção e mão de obra especializada. Berglund está seguro de que a crise não vai prejudicar o plano de segurança. "Os Estados estão muito engajados e realmente não percebi nenhuma mudança por causa da crise", diz o responsável do Eurosur.
O projeto, segundo cálculos da Comissão Europeia, deve custar 338 milhões de euros aos cofres da UE entre 2011 e 2020, incluindo gastos com infra-estrutura, manutenção e mão de obra especializada. Berglund está seguro de que a crise não vai prejudicar o plano de segurança. "Os Estados estão muito engajados e realmente não percebi nenhuma mudança por causa da crise", diz o responsável do Eurosur.
Entre as áreas do globo mais monitoradas pelo Eurosur
estão os países da África do Norte e do Oriente Médio, geograficamente mais
próximas ao velho continente. Berglund explica que o Eurosur acompanha de perto
a situação na Síria, assim como o fez com a Líbia, no ano passado. A crise na
Síria tem relação direta com a situação na fronteira da Grécia, pois fez
aumentar o volume migratório de pessoas que fogem do regime de Bashar al-Assad,
atravessam a Turquia e tentam chegar ao país europeu.
Entre os críticos do Eurosur está a Associação Europeia
para Defesa dos Direitos Humanos, que sugeriu que o projeto na prática
dificultaria a entrada de pessoas que fogem de zonas em conflito. Berglund
defende que o projeto apenas pretende detectar quem cruza a fronteira e
processar cada caso conforme a lei. "O Eurosur não quer prevenir migrações
ou os refugiados de entrarem na Europa, mas melhorar a consciência sobre quem
entra e encaminhar as pessoas aos diferentes canais", conclui o diretor.
VIVIANE VAZ
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