Na cidade de São Paulo, a mais rica e
desenvolvida do Brasil, já somos mais de 200.000 imigrantes. Pertencemos a
inúmeras nacionalidades, com usos e costumes, etnias, línguas, histórias de
vida e religiões distintas. Essa diversidade cultural é extremamente rica,
sendo positiva para nós e à sociedade brasileira. Além de contribuirmos no
aspecto cultural, na produção econômica nos unimos aos brasileiros na
construção de um Brasil moderno, trabalhando em torno de 15 horas diárias em
diferentes atividades, potencializando as riquezas e o desenvolvimento deste
país.
Mesmo com essas e outras significativas
contribuições, enfrentamos inúmeros problemas. Apesar da cidade de São Paulo
ser marcada historicamente pela diversidade étnica, social e cultural, nós
imigrantes sofremos discriminações e preconceitos. E, pelo exercício da
cidadania, denunciamos esse grave problema. Como nos lembra Boaventura Santos as pessoas e os grupos sociais têm
o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser
diferentes quando a igualdade os descaracteriza.
Assim, nós, imigrantes de todos os
continentes, reunidos na cidade de São Paulo, em comemoração ao Dia Mundial dos
Imigrantes e ao XXII aniversário da Convenção da Organização das Nações Unidas
(ONU) sobre os Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e de suas
Famílias, em sintonia com o Dia de Ação Global Contra o Racismo e a Xenofobia,
pelos Direitos dos Migrantes e Refugiados, uma vez mais, levantamos
nossas vozes e nossas bandeiras nas ruas por um outro mundo possível e
necessário.
Somos contra o capital global que
precariza o trabalho, transforma os trabalhadores em “coisas” violando a
dignidade humana, desemprega, marginaliza e exclui milhares de pessoas,
levando-os à migração forçada. Exigimos trabalho decente; participação política
ampla com direito ao voto e o “direito a ter direitos”; políticas públicas que
propiciem condições dignas de moradia; de saúde; de educação; o fim do
preconceito; da xenofobia; dos muros; que possamos ir e vir sem restrições de qualquer natureza,
como deve ser um verdadeiro Estado Democrático de Direito, que nos respeite e
nos reconheça como sujeitos históricos, conscientes de nossos deveres e
direitos no exercício da plena cidadania universal.
A Marcha é nossa e de todos os brasileiros
e brasileiras, que sonham e lutam por um Brasil sem miséria, justo, ético,
solidário e, sobretudo, humano. As nossas bandeiras são sintetizadas na
bandeira do Brasil que juntos iremos construir, e de uma maneira mais ampla, do
mundo em que queremos viver e deixar para as gerações futuras. Dessa maneira,
existe um só povo, uma só Nação, unidos em um só projeto para a humanidade. È
marchando que se faz o caminho, onde um mais um é sempre mais do que dois. E
como entende Eduardo Galeano “somos o que fazemos, mas somos principalmente o
que fazemos para mudarmos o que somos”. A construção de outro Brasil e de outro
mundo depende, sobretudo, da nossa união e do exercício da cidadania local e
universal.
SPM
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