Nos
últimos anos estamos acompanhando grandes movimentos humanos a nível mundial
por causa dos movimentos “naturais” causados também pela irresponsabilidade
humana e pela violência das guerras motivadas por políticas claras de
fortalecimentos do capital e de exclusão das pessoas. Concentração de riqueza e
de capital por um lado e exclusão dos humanos por outro, que servem de base
para orientar as economias. Esta é a dinâmica muito mais violenta que os
fenômenos descontrolados na natureza neste momento histórico em que
vivemos e que se expressam nas políticas
dos Estados em crise, nos quais ao invés do fortalecimento de uma economia de
investimento se opta uma vez mais por uma economia de especulação, no aumento
de impostos e no corte de verbas para serviços sociais. Nossa Presidente foi
muito clara e enfatiza em suas declarações internacionais aos Estados
desenvolvidos que o caminho o caminho da especulação e da desvalorização
cambial está errado e se persistirmos nele todos pagarão o preço. Neste sentido
sempre os mais fracos e pobres são os que mais sofrem e pagam a conta. A
migração é o sintoma mais evidente desta política econômica tanto dos governos
déspotas com o apoio incondicional dos políticos e das elites arrogantes que
não conseguem ver além dos próprios interesses e do próprio mundo egoísta em
que vivem.
FENOMENOS
NOVOS
CIRCULARIDADE
REGIONAL
Hoje
temos novos movimentos migratórios no Brasil e Região com características de
circularidade seguindo os caminhos aonde o capital e a mão de obra se concentra
ou oferece alguma vantagem econômica. Estamos vivendo este movimento permanente
tanto no campo com a mecanização do plantio, da conservação (transgenia) e da
colheita mecanizada e no mundo urbano com as grandes obras e nos nichos do
mercado informal e clandestinos de muitos setores: o comércio ambulante, a
confecção, construção civil...
RETORNO
INTERNACIONAL
Temos
um grande número de retornados dos Países do Norte do mundo para os Países de
origem devido a crise mundial. Muitos Brasileiros retornaram do Japão, da
Europa e dos EUA, assim como nos demais Países da América Latina.
NOVOS
FLUXOS MIGRATORIOS NO BRASIL
OS
CONTRATADOS DE FORMA LEGAL (Migração livre)
Nos
últimos anos estão chegando no Brasil um grande número de profissionais e de
imigrantes especialmente de Portugal, china, Correia devido ao decreto lei do
Governo Federal que possibilitou a entrada de profissionais com contrato de
trabalho. Esta migração podemos defini-la como uma política migratória
seletiva, diante da grande demanda de profissionais para a economia do País e
as grandes obras para os eventos mundiais (Copas, Cúpulas, Olimpíadas,
Encontros Mundiais da Ecologia, Religiosos, Comercio...)
OS
MIGRANTES ECONÔMICOS (Causas Econômicas)
Por
outro lado diante da imagem positiva do Brasil e de sua situação mais estável
diante da crise, muitos outros imigrantes de várias partes do mundo estão
procurando o Brasil com o sonho de um futuro de dignidade. Para se ter uma
ideia na Missão Paz (Obra dos Missionários Scalabrinianos em são Paulo) estamos
acolhendo em torno de sete mil pessoas ano de mais de cinquenta nacionalidades
diferentes e dos mais variados credos e tradições Religiosas.
OS
HAITIANOS (Causas Naturais)
O
fenômeno Haitiano devido a destruição do País em 2010 pelo terremoto é outro
grupo de imigrantes novos que estão chegando ao Brasil e que hoje soma
aproximadamente uns 10 mil Haitianos dispersos principalmente pelo sul do País
RS, SC, PR, SP, MG e Norte AC, MA e RO.
OS
REFUGIADOS. (Causas Políticas)
Devido
às intermináveis guerras e violências internas que existem hoje especialmente
no Oriente Médio, na África e na Colômbia estão chegando no Brasil muitos
africanos e colombianos que fogem dos seus Países em busca de segurança.
OS
BARRADOS E DEVOLVIDOS
É
preocupante o que está acontecendo atualmente no Brasil em relação ao numero de
imigrantes barrados e devolvidos aos seus Países de origem. Conforme a
reportagem do Jornal “O Estado de São Paulo” do dia 25 de novembro Caderno C3,
no ano de 2011 foram barrados nos portos Aeroportos e fronteiras brasileiras e
devolvidos aos Países de origem 10.294 pessoas contra 4.742 brasileiros barrados e devolvidos no
exterior. Neste ano – 2012 já somam 5.377 imigrantes barrados. Os Portos de
Salvador e Rio de Janeiro lideram este fenômeno de impedir a entrada ao País.
Os Aeroportos de Guarulhos em SP e o Galeão do RJ lideram e em relação às
fronteiras Terrestres Foz do Iguaçu com Ciudad de Leste –Paraguai lidera no
ranking.
Estamos
vivendo profundas contradições na visão de políticas de migrações e na visão do
fenômeno das migrações neste momento da história Brasileira. Ao mesmo tempo em
que somos um País construído historicamente por imigrantes e termos uma imagem
de ser um Povo acolhedor se sente e se vive uma certa xenofobia e uma rejeição
em relação aos que chegam ao nosso País. Ao mesmo tempo em que o Estado assina
acordos bilaterais, regionais (Mercosul)
e aprova uma anistia 2009, ao mesmo tempo não aprova novo projeto de lei das
migrações com base nos Direito Humanos superando a visão do antigo Estatuto dos
Estrangeiros com base na segurança nacional dos governos da Ditadura, que a muito tempo tramita no congresso e não
assina os tratados e Convenções Internacionais que protege. Ao mesmo tempo que
o Estado convida os Haitianos para que venham ao Brasil não lhe dá condições e
estrutura para sua nova vida no mesmo. Ao mesmo tempo em que afirmamos que
somos um povo acolhedor, por outro lado sentimos medo e rejeitamos e excluímos
os diferentes que estão chegando em nossa cidade.
DESAFIOS
Vencer
e superar a xenofobia com o diálogo, a acolhida e a solidariedade.
Seguir
lutando por uma política de migrações e por uma lei de migrações em base aos
direitos humanos, superando ao Estatuto do Estrangeiro vigente com bases na
doutrina da segurança nacional.
Trabalhar
em rede e com parcerias com Instituições, Governos, Organismos, Igrejas...
Devemos
superar as contradições do cotidiano com ações propositivas e decisões
políticas.
Devemos
superar a falsa visão de que o migrante seja um problema. O migrante é uma
oportunidade de crescimento e de aprendizagem e uma grande riqueza para todos.
Porque ninguém poderá parar quem dignamente e de forma justa procura pão para
viver, porque para o migrante a Pátria é a terra que lhe dá o pão, o trabalho e
a acolhida.
Devemos
criar no interior da própria comunidade a capacidade de diálogo com o diferente
e de partilhar modos de pensar, sentir e viver diferentes.
Devemos
dizer um basta para a ideologia capitalista toda vez em que quer justificar a
crise através do migrante e das vítimas da historia.
Jé
é tempo de superar as fronteiras internas e externas que nos dividem e nos
afasta do semelhante. Barreiras e fronteiras psicológicas, físicas, sociais,
culturais, raciais, econômicas, políticas...
Padre Mario Geremias
Diretor do Centro Pastoral dos Migrantes
Pároco Igreja Pessoal dos Latinos
Pároco Igreja Pessoal dos Latinos
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