O
Canadá é há muito um destino procurado por migrantes em busca de trabalho.
Diante da falta de mão de obra especializada, a Alemanha também quer abrir suas
portas, embora ofereça menos vantagens aos imigrantes.
Com sua longa
tradição de receber imigrantes, o Canadá tem larga experiência no assunto. O
país conseguiu aumentar sua população em praticamente um porcento ao ano graças
à imigração. Boa parte desses imigrantes chegam para trabalhar. O Estado
canadense, por sua vez, tem uma política de imigração voltada para suprir as necessidades
econômicas do país.
A Alemanha pode
aprender bastante com tal tipo de experiência, como mostra uma pesquisa
realizada pelo Instituto de População e Desenvolvimento, sediado em Berlim. O
governo alemão teria que aumentar seus esforços para se apresentar no exterior
como um país atraente para os imigrantes, diz Reiner Klingholz, diretor do
Instituto. Segundo ele, em 10 ou 15 anos haverá em todo o território alemão
falta de mão de obra em todos os setores. Para suprir esta necessidade com
imigrantes, o governo não poderá confiar apenas na chegada de trabalhadores de
outros países da União Europeia (UE).
Ao mesmo tempo, os
políticos deveriam assumir claramente posturas pró-imigração perante a
população, salientando os benefícios para o país. "Isso significa:
precisamos agir de maneira muito mais transparente e mais ativa. Precisamos
propagar isso no exterior", completa Klingholz.
Seguir
o exemplo do Canadá?
Desde 1967 que o
Canadá seleciona imigrantes através de um sistema de pontos. Os principais critérios
de escolha são a fluência no idioma e a formação educacional. Os candidatos à
imigração podem atingir com isso dois terços dos pontos a serem alcançados. Os
outros pilares na hora da escolha pelo governo canadense são a experiência
profissional, a idade e uma oferta concreta de trabalho no país. Fatores como a
formação educacional do marido ou mulher, bem como já ter estado no Canadá,
também são levados em consideração.
Mesmo assim, o
sistema não é voltado somente para a aceitação de profissionais altamente
qualificados. "Há naturalmente no Canadá uma demanda por forças de
trabalho menos qualificadas, como por exemplo no setor de auxílio a idosos e
enfermos ou nas indústrias petroleira e florestal. Para essas pessoas há
programas especiais, organizados pelas regiões ou províncias onde há
demanda", explica Klingholz. Nesses casos, as regiões oferecem aos
imigrantes uma permanência no país por tempo determinado. As portas para
permanecer depois só se abrem, contudo, para alguns.
Conseguir um visto
de permanência sem prazo limitado ou mesmo um passaporte do país é muito mais
difícil para o imigrante na Alemanha do que no Canadá, critica Klingholz. Esta,
segundo ele, é uma das razões da baixa procura pelo Blue Card no país. "Este é um fator que
diminui sensivelmente o potencial de atrair migrantes", diz ele. Além do
fato de que tal oferta por parte do governo alemão continua sendo pouco
conhecida no exterior.
Integração
antes de chegar ao país
Muitos dos
candidatos a migrar para o Canadá não têm, a priori, nenhuma oferta concreta de
trabalho. Isso não traz desvantagens, acredita Stephan Sievert, um dos dois
autores da pesquisa realizada pelo Instituto berlinense. Segundo ele, há no
Canadá uma política de integração muito ativa, que não começa somente quando o
imigrante chega ao país, mas muito antes.
"Os programas
voltados para facilitar a vida de quem chega já começam em seus países de
origem, com cursos informativos e de orientação, para que as pessoas adquiram
perspectivas realistas", relata Sievert. Além disso, há ofertas de
estágios que preparam os imigrantes para o dia a dia no trabalho, suprindo com
rapidez eventuais lacunas de conhecimento.
Sistema
escolar permeável
Esta prática
canadense de atrair imigrantes faz com que os mesmos tenham, em média,
formações acadêmicas mais sólidas que a própria população do país. Na Alemanha,
embora o número de imigrantes com curso superior completo tenha aumentado nos
últimos anos, o percentual daqueles sem formação profissional continua sendo
muito mais alto.
No Canadá, a segunda
geração, ou seja, os filhos dos imigrantes, seguem geralmente carreiras
bem-sucedidas, concluindo cursos superiores com mais frequência que os filhos
de canadenses nativos. O sistema de ensino no Canadá é todavia muito mais
permeável que o alemão. Como salienta Stephan Sievert, "é para os filhos
dos imigrantes uma grande vantagem ter um sistema escolar que congrega todas as
crianças juntas até o 9° ano. Isso significa que os filhos de imigrantes têm
comparativamente muito mais tempo para compensar eventuais deficiências
linguísticas", conclui Sievert.
Sabine
Ripperger (sv)
Francis França
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