segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Regras migratórias prejudicam Grã-Bretanha



Vários especialistas prognosticavam, sobretudo os do “The Economist”, que as novas regras da política de imigração que o Reino Unido adoptou se viravam contra si e é isso que está a suceder.
A revista “The Economist”, numa crítica às políticas de imigração britânicas, escreveu que o país agia contra os seus próprios interesses. 
O governo britânico introduziu recentemente uma série de regras de emigração restritivas que permite que apenas estudantes e trabalhadores qualificados provenientes de países de fora da Europa, especialmente de África e da Ásia, tenham visto de entrada 
Na perspectiva de contenção das despesas do Estado, as medidas do governo parecem surtir algum efeito por poupar nos encargos com os sistemas de saúde e de distribuição de casas sociais, mas também desincentivaram a imigração que desde os finais dos anos 1990 crescia de forma significativa. Prova do desinteresse pela imigração para a Grã-Bretanha é que os pedidos de visto de trabalho reduziram em 7 por cento e os de estudantes emitidos em Junho desceram 21 por cento. Uma das razões para esta situação é a burocracia para a obtenção de um visto de trabalho. Muitas empresas gastam milhares de libras e de meses até verem resolvida a situação dos contratados numa altura em que o governo definiu uma quota de 20.700, que nunca foi alcançada. 
Muitas empresas deixaram de ter capacidade para contratar quadros fora do Reino Unido, o que lhes afecta a capacidade competitiva, mas o sector que mais se recente das medidas governativas é o da educação, principalmente do ensino superior que regista as maiores quedas desde a década de 1960. 
A educação é uma grande indústria no Reino Unido. As estatísticas mostram que 80 por cento dos estudantes estrangeiros no país ficam a trabalhar nas áreas da ciência e da engenharia. 
As novas regras exigem que os alunos deixem o país 60 dias após o fim do prazo de validade, quando anteriormente apenas tinham de o fazer ao fim de dois anos.
Tudo isto vai fazer com que a Grã-Bretanha perca para os concorrentes directos, Estados Unidos, Canadá, Singapura e até Austrália, que acolhem muitos milhares de pessoas talentosas. 
A consumação destas mudanças coincide com uma baixa acentuada da popularidade da coligação liderada pelos conservadores, numa altura em que as sondagens dão maioria aos trabalhistas.

Eugénio Guerreiro


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