Intervindo no quadro
do seguimento a dar às recomendações da Conferência Internacional sobre
População e Desenvolvimento, de 1994, o Representante Especial do
Secretário-Geral para as Migrações, Peter Sutherland, enumerou as
transformações do fenômeno das migrações internacionais, sublinhando que os
estados tinham todo o interesse em gerir esses movimentos de uma forma eficaz.
Peter
Sutherland sublinhou que a dinâmica das migrações mudara e que estávamos a
passar de uma era de migração para uma era de mobilidade. Referiu que numerosos
países já não eram apenas países de origem ou países de acolhimento, mas sim
países de origem e de acolhimento. “Eu vim de um país com uma longa história de
saída de migrantes para o resto do mundo, e que agora está a tornar-se um país
de destino”, disse Sutherland, de origem irlandesa, à sessão anual da Comissão
de População e Desenvolvimento, que este ano se centrou neste assunto.
“Durante
anos, condenamos os países que não permitiam que a sua população migrasse”,
disse, acrescentando que, agora que este movimento é possível, é necessário que
exista uma “coordenação, e não um controle, tanto a nível nacional como
internacional”.
Sutherland afirmou que, nesta nova era, as
prioridades continuam a ser proteger os direitos dos migrantes, garantindo ao
mesmo tempo a proteção do direito dos países a determinarem quem pode
atravessar as suas fronteiras, com algumas exceções.
Acrescentou,
ainda, que deve iniciar-se um diálogo baseado na cooperação entre países
desenvolvidos e países em desenvolvimento, tanto a nível bilateral como
regional, citando como exemplo o diálogo entre a União Europeia e a África.
Empresas, ONG e sindicatos devem sentar-se à mesa do debate, uma
vez que todos podem lucrar com uma gestão eficaz dos fluxos migratórios, que
têm múltiplas ramificações para a economia, trabalho, emprego e educação.
Os benefícios das migrações são bem conhecidos, disse
Sutherland, afirmando que um diálogo alargado pode “encontrar caminhos para
compensar quem perde”, quer sejam trabalhadores locais que têm que competir com
migrantes, ou países que perdem profissionais qualificados”.
Os
funcionários das Nações Unidas salientaram que, numa época em que 200 milhões
de pessoas vivem fora do seu país de origem, mais do que em qualquer outro
período da história, devem ser criadas parcerias entre os países de origem e de
destino dos migrantes.
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