sábado, 6 de outubro de 2012

Mulheres migrantes passam noites em claro para evitar agressões


A delegação do Instituto Nacional de Migração (INM), no estado de São Luís Potosí, informa que de janeiro ao final de agosto desse ano, houve 226 apreensões de mulheres migrantes que regressaram aos seus países de origem. Os meses com mais mulheres apreendidas foram março, com 46, e junho, com 44. O mês de menor registro de apreensões foi fevereiro, com 14.
Do total dos/as migrantes apreendidos, 95% são de origem hondurenha; 2% de El Salvador; 1% da Nicarágua; 1% da Guatemala e outro 1% de homens e mulheres de outras nacionalidades.
As mulheres em situação de migração se expõem a maiores riscos durante os mais de 30 dias de viagem que levam, em média, para chegar aos Estados Unidos, afirma o estudo “Migrações, vulnerabilidade e políticas públicas. Impacto sobre as crianças, suas famílias e seus direitos”, elaborado pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL).
Vidas em risco
“Aqui (Casa do Migrante de São Luís Potosí) descansamos uns dias porque tem que ficar atento em todo o caminho, não pode dormir para garantir que não se caia do trem, ou que alguém te ataque; um roubo ou qualquer coisa que te queiram fazer, ainda que venhamos com homens, eles dormem, nós não”, relata “Rosa”.
O testemunho dessa mulher, de origem hondurenha, se soma ao de dezenas de mulheres detidas na delegação do INM.
As oficiais da migração contam que as migrantes chegam afetadas psicologicamente e relatam que foram vítimas de acidentes, agressões, espancamentos, roubos e violações.
O mais difícil é sobreviver por nossa condição de mulheres, dormir pouco, não poder descansar por estar alerta não só com policiais mexicanos, mas também de pessoas desconhecidas que se aproximam das vias do trem ou dos mesmos homens migrantes centro-americanos que se aproveitam da situação para cometer abusos, conta Rosa.
Ela comenta que saiu de seu país por escolha, mas também pela necessidade que a obrigou a sair de Honduras, deixar sua família e tentar a sorte nos Estados Unidos.
Ainda não sabe se chegará, faltam milhares de quilômetros de viagem. Muitas vezes pensou em se entregar ao INM e que a reportassem para seu país, onde a esperam seus pais, seus irmãos e uma irmã.
De acordo com o estudo da CEPAL, o comportamento da migração na América Latina se reconfigurou. Historicamente, quem migrava de seus países de origem em sua maioria eram homens, agora também migram as mulheres e as/os menores de 18 anos.
Em 2010 foram apreendidas 57 mulheres migrantes entre janeiro e agosto. Para 2011 e 2012, essas estatísticas quase se quadruplicaram ao chegar a 212 e 226 detenções, respectivamente, durante o mesmo período.
 Cimac Juan Ramón Ramírez

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